Durante a terceira fase de oitivas da CPI do Transporte, realizada na última segunda-feira (9), o vereador Maicon Nogueira confrontou o gestor de bilhetagem do Consórcio Guaicurus, Paulo Vitor Brito de Oliveira, após declarações consideradas contraditórias sobre a situação da frota. A principal divergência foi em torno do número de ônibus com elevadores quebrados.
Em vídeo exibido durante a sessão, um colaborador do próprio consórcio afirma: “Vou ser bem sincero, 99% dos elevadores estão funcionando”. O vereador, então, reagiu com ironia: “Temos que encontrar quem é o mentiroso. O artista Wesley Safadão tem uma música muito popular que diz: ‘99% anjo, perfeito, mas aquele 1% é vagabundo’. Quais ônibus da sua frota são o 1%? Porque estamos encontrando muito mais”.
Maicon ainda apresentou um áudio da usuária Graziane Faria, mãe de um cadeirante, que relatou dificuldades no transporte público: “Foram dois ônibus hoje, o cadeirante ficou e o ônibus está indo. Dois com elevadores quebrados”.
Diante dos questionamentos, o gestor do consórcio respondeu: “O senhor quer usar um número ao pé da letra. Nós falamos de dois carros em uma frota de 417, isso dá 1%. O que posso falar com muita tranquilidade é que os carros que passam pela Otimiza saem de lá na condição de novo”.
Em entrevista exclusiva ao Portal O Sul-mato-grossense, Maicon reforçou sua posição. “Certamente ele omitiu informações ligadas à manutenção e vistoria dos veículos”, afirmou. O parlamentar também criticou a falta de fiscalização dos órgãos municipais. “Com certeza a Agetran e a Agereg precisam reformular sua atuação como fiscais e reguladores do contrato. Vamos sugerir diversas alterações para garantir que se cumpra itens contratuais que garantam melhorias para os usuários”.
Outro ponto abordado na oitiva foi a ausência do seguro obrigatório previsto em contrato. Maicon questionou: “O senhor reconhece que a empresa, ao não fazer o seguro, deixou de tratar o usuário com dignidade?” O diretor respondeu: “Oitenta e cinco por cento das nossas batidas já saem resolvidas, por meio do juizado itinerante. Temos uma resolutividade muito maior do que na época do seguro e com muito mais assertividade. Ficou demonstrado que a resposta para as vítimas é mais rápida”.
Questionado se pretende levar as contradições à Justiça ou ao Ministério Público, Maicon foi direto: “Isso é certo. A CPI tem data para terminar, mas meu mandato ainda tem três anos e meio para defender os usuários e mostrar os vícios que estamos encontrando”.