VÍDEO: Jacaré ataca arraia em rio de MS e batalha viraliza nas redes

Imagens gravadas por pescador em Coxim mostra confronto raro no Rio Taquari

João Paulo Ferreira
Por: João Paulo Ferreira
12/06/2025 às 08h42 Atualizada em 12/06/2025 às 08h59
VÍDEO: Jacaré ataca arraia em rio de MS e batalha viraliza nas redes

Durante pescaria realizada no último dia 31 de maio, por volta das 15h, na região do Caronal, em Coxim (MS), um grupo da Associação Esportiva Galera do Taquari registrou o momento em que um jacaré ataca uma arraia às margens do Rio Taquari. O vídeo viralizou nas redes sociais nos dias seguintes e chamou atenção pela intensidade da cena.

A gravação foi feita por Geidisson Silva, presidente da associação. “O jacaré mordeu várias vezes, e a arraia não se rendeu. Ela feriu o jacaré diversas vezes, mas não teve jeito. Ele levou a melhor. É a lei da sobrevivência”, disse Geidisson ao portal Campo Grande News.

As imagens mostram o réptil tentando dominar a arraia, que reage com ferroadas. Uma delas atinge a boca do predador, que chega a recuar, mas retorna ao ataque e vence o confronto.

Segundo Geidisson, esse tipo de situação é comum na região. “Até mesmo quando fisgamos um peixe temos que ser rápidos, senão eles levam a melhor”, comentou.

Além da atividade de pesca, a associação desenvolve ações sociais e ambientais. “Somos uma associação sem fins lucrativos. Organizamos coleta de lixo no rio, eventos de Natal e Dia das Crianças. Também atuamos nos resgates no Rio Grande do Sul por mais de 12 dias”, completou o presidente.

A publicação gerou grande repercussão nas redes, com reações que vão da surpresa ao humor. Um dos comentários mais compartilhados dizia: “uma semana de febre pro jacaré”, em referência ao efeito das ferroadas da arraia.

Caiman yacare, espécie presente no Pantanal e em Coxim, alimenta-se basicamente de peixes, crustáceos e moluscos, variando conforme idade e disponibilidade de presas. Estudos com mais de 1 300 análises de conteúdo estomacal de crocodilianos sul-americanos não encontraram registros sistemáticos de arraias, indicando que predar batoides não é comum nessa região.

No entanto, observações ao redor do mundo – por exemplo, dos jacarés-americanos (Alligator mississippiensis) – relatam consumo ocasional de raias-manta em ambientes costeiros. Essas interações indicam que, embora não frequente, a predação de arraias por jacarés pode ocorrer sob condições oportunistas (presença de presas e tamanho compatível).

Arraias de água doce (por exemplo, espécies do gênero Potamotrygon) são predadoras bentônicas, alimentando-se de crustáceos, moluscos, insetos e pequenos peixes. Moram principalmente em águas rasas, como margens e bancos arenosos — o mesmo ambiente onde ocorreu o vídeo no Rio Taquari.

Esse hábito de vida, combinado com territórios de caça semelhantes aos dos jacarés, favorece encontros e possíveis confrontos entre predador e presa.

A luta registrada em Coxim pode ser um exemplo raro e oportunista: o jacaré observou uma arraia vulnerável em águas rasas e decidiu atacar. A defesa da arraia com ferroadas — que pode machucar significativamente o jacaré, conforme relatado pelos pescadores — confirma a arma natural dessas espécies. Do ponto de vista biológico, o evento ilustra um comportamento alimentar oportunista de répteis de topo (C. yacare), mesmo que arraias não sejam presas comuns.

Embora arraias não façam parte da dieta habitual de jacarés pantaneiros, a observação aponta que:

  • Jacarés adultos apresentam flexibilidade alimentar, consumindo presas variadas conforme oportunidade.

  • Encontros nas margens rasas, onde arraias se movimentam para se alimentar, aumentam as chances de predação.

  • O confronto gravado confirma a dinâmica natural de competição e predation entre esses grupos.

Confira o vídeo:

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