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Lula defende aumento do IOF e admite que medida encarece o bolso para manter gastos do governo

Presidente justifica reajuste dizendo que é preciso arrecadar mais para evitar cortes no orçamento

João Paulo Ferreira
Por: João Paulo Ferreira
20/06/2025 às 13h32 Atualizada em 20/06/2025 às 13h32
Lula defende aumento do IOF e admite que medida encarece o bolso para manter gastos do governo
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, nesta quinta-feira (19), o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) como forma de manter os gastos públicos e evitar cortes no orçamento. A declaração foi feita durante participação no podcast Mano a Mano, apresentado por Mano Brown e Semayat Oliveira.

Segundo Lula, a proposta do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, busca promover o que chamou de “justiça tributária”. “O IOF do Haddad não tem nada demais”, afirmou. “O Haddad quer que as bets paguem [mais] imposto de renda; que as fintechs paguem; que os bancos paguem. Só um pouquinho, para a gente poder fazer a compensação”, explicou o presidente.

Lula admitiu ainda que o aumento do IOF serve para “fazer esta compensação” e evitar o rompimento do novo arcabouço fiscal. Na prática, a medida impacta diretamente quem faz operações como empréstimos, compras internacionais com cartão, seguros, investimentos e câmbio — ou seja, a população em geral, inclusive a de baixa renda.

Apesar de afirmar que “quem ganha mais deve pagar mais”, o presidente não esclareceu como o novo modelo de arrecadação evitará o repasse do aumento para os consumidores. Especialistas alertam que o IOF, por ser um imposto sobre operações financeiras e de crédito, afeta de forma proporcionalmente maior as camadas mais pobres da população.

A proposta aparece em meio a um cenário de pressão fiscal. No mês passado, o governo anunciou o contingenciamento de R$ 31,3 bilhões do orçamento. Como alternativa, a equipe econômica chegou a propor o aumento do IOF e de outras alíquotas, mas recuou no mesmo dia diante da repercussão negativa.

Com a nova tentativa, o governo busca retomar a proposta como forma de evitar novos cortes. No entanto, sem mudanças estruturais nos gastos, o aumento de impostos volta a cair no colo da população — e pode pressionar ainda mais o custo de vida.

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