Disputar a Série D do Campeonato Brasileiro tem sido um desafio dentro e fora das quatro linhas para o Operário. Único representante de Mato Grosso do Sul na competição, o clube encerrou o primeiro turno da fase de grupos com saldo financeiro negativo em todas as partidas disputadas como mandante. Ao todo, o prejuízo já passa de R$ 18,8 mil, segundo dados da CBF até a 7ª rodada.
Mesmo contando com incentivo público da Sanesul, no valor de R$ 200 mil ao longo de 10 meses, e com patrocínios privados de marcas de tintas, bebidas, colchões e material esportivo, o clube não conseguiu equilibrar os custos operacionais das partidas em casa.
O Operário jogou três vezes no Estádio das Moreninhas no primeiro turno: empatou com Monte Azul-SP e Itabirito-MG e perdeu para a Inter de Limeira-SP. Em todos os jogos, as despesas superaram a arrecadação com bilheteria. Veja os dados:
2ª rodada – Operário 1 x 1 Monte Azul-SP
Público: 548 pessoas | Prejuízo: R$ 9.495,04
4ª rodada – Operário 1 x 1 Itabirito-MG
Público: 579 pessoas | Prejuízo: R$ 8.271,53
7ª rodada – Operário 0 x 1 Inter de Limeira-SP
Público: 260 pessoas | Prejuízo: R$ 1.039,32
O prejuízo total foi de R$ 18.805,89, com média de R$ 6.268,63 por partida. O clube está entre os menos deficitários do grupo A7, mas ainda longe de registrar qualquer superávit.
Outro ponto de atenção é a presença do público. O Operário tem a terceira pior média de público do grupo, com 462 torcedores por jogo — à frente apenas do Cianorte-PR (444) e da Inter de Limeira-SP (470). O total acumulado nos três jogos foi de 1.387 pessoas. A média do grupo A7 é de 832 torcedores por partida.
O contraste é grande quando comparado com o Uberlândia-MG, líder em público, com média de 1.719 torcedores, e com o Goiatuba-GO, que levou 1.320 por jogo e ainda conseguiu fechar o primeiro turno com superávit de R$ 60.843,63 — embora seus boletins financeiros tenham omitido custos de arbitragem e segurança.
As exigências mínimas da CBF em jogos da Série D impõem custos fixos com arbitragem, ambulância, equipe médica, segurança, gandulas, taxas e impostos. Para clubes de menor apelo comercial e torcida local pouco engajada, a conta raramente fecha.
O Operário não é exceção. Mesmo com a bilheteria funcionando e o estádio disponível, os custos de realizar os jogos continuam altos, e a arrecadação segue baixa. O time sul-mato-grossense figura em um grupo que já soma mais de R$ 324 mil em prejuízo conjunto, com média de R$ 11.578,87 por partida.
O apoio da Sanesul garante um fôlego financeiro fora do campo, mas não cobre as perdas acumuladas com os jogos em casa. A parceria, embora importante, não tem impacto direto na bilheteria. O mesmo vale para os patrocinadores privados do clube. Além disso, a análise considera apenas os dados dos jogos, sem incluir receitas como venda de jogadores ou custos fixos mensais, como salários e logística.
Para o segundo turno, o clube terá que buscar alternativas para reverter o cenário: melhorar a campanha dentro de campo, incentivar a ida da torcida ao estádio e tentar reduzir ao máximo os custos operacionais. Caso contrário, o prejuízo tende a crescer rodada após rodada.