A prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), aprovou a destinação de R$ 100 mil em verba pública para a 6ª edição do projeto “Cinema da Boca: Mostra Musical LGBTQIPN+”. O repasse cultural foi publicado no Diário Oficial do Município (Diogrande) e conta com assinatura do presidente da Fundação Municipal de Cultura, Valdir Gomes, do secretário de Governo e Relações Institucionais, Youssif Domingos, e do produtor beneficiado, com aval direto da prefeita.
A decisão foi tomada em meio a um cenário de crise em diversas áreas da administração pública municipal. O sistema de saúde, por exemplo, segue com falta generalizada de medicamentos. Um levantamento apresentado pela superintendência da Sesau revelou que ao menos 40% dos remédios usados pela Rede de Atenção Psicossocial estão em falta. Medicamentos essenciais como Diazepam, Carbonato de Lítio, Valproato de Sódio e Fenitoína não estão sendo encontrados nas unidades.
O principal motivo é a inadimplência da prefeitura com os fornecedores. Empresas que prestam serviços e vendem medicamentos ao município relatam atrasos nos pagamentos desde 2023, acumulando dívidas superiores a R$ 800 mil. Parte dos contratos já teve a entrega suspensa até que os valores sejam quitados. Mesmo medicamentos com licitação concluída ainda não chegaram às unidades por falta de repasse da Secretaria de Finanças.
A precariedade não se restringe à saúde. Em vários bairros da capital, moradores enfrentam ruas esburacadas e abandonadas. A malha viária se deteriora sem manutenção adequada, com buracos sinalizados pela própria população usando galhos e pedaços de madeira para evitar acidentes.
Ao mesmo tempo, Adriane Lopes é cobrada pela ampliação de cargos comissionados, inclusive em secretarias criadas para acomodar aliados políticos. Houve ainda corte de emendas destinadas por vereadores a entidades filantrópicas, o que impactou diretamente instituições que atendem populações vulneráveis da cidade.
A prefeita não se pronunciou sobre o repasse ao projeto cultural nem sobre os demais problemas. Após ter sido vaiada em eventos públicos, como o Arraial de Santo Antônio, ela tem evitado participar de agendas abertas. O espaço permanece aberto para manifestação da administração municipal.