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Osmar Lima trocou a vida no campo pelos palcos e hoje é referência de acordeonista no Estado

Há 10 anos ele é acordeonista na banda do cantor sertanejo Loubet e já ensinou mais de 900 alunos no seu treinamento iniciando no acordeon

Por Viviane Freitas | 19 agosto, 2022 - 16:38

Foto: Arquivo Pessoal

O sul-mato-grossense, Osmar Lima, 38 anos, trocou a vida no campo pela vida agitada na estrada, entre idas e vindas de milhares palcos pelo Brasil, tocando com diversos artistas regionais e nacionais. Há 10 anos ele é acordeonista na banda do cantor sertanejo Loubet e já ensinou mais de 900 alunos no seu treinamento iniciando no acordeon.  Ao OSM ele conta a sua trajetória no mundo da música, além de compartilhar conquistas e desafios que sua carreira já lhe proporcionou. 

Nascido em Campo Grande, Osmar Lima foi ainda muito novo morar na cidade de Jaraguari – 40 km da Capital. “Cresci na zona rural, cuidando de gado, trabalhando com trator, uma vida pacata no campo”, disse o acordeonista. 

Ele explica que diferente de outras crianças, que crescem ouvindo referências nos rádios e na televisão, sua infância não foi nada musical e sua referência era um programa de tv e as vitrolas de seu pai. “Naquela época passava um programa de viola todos os domingos e era a programação favorita do meu pai. Ele sentava com chimarrão para assistir e eu o acompanhava. Nesse programa havia um conjunto que acompanhava os artistas regionais e tinha o  Robertinho acordeon, eu  me encantava em ver ele tocar. Além disso, a vitrola do meu pai era  o que eu ouvia sempre, com certeza isso foi moldando muito na infância o gosto pelo instrumento”, conta ao OSM.

Aos 10 anos, Osmar decidiu que iria aprender acordeon, sua primeira paixão. “Disse para o meu pai que queria aprender o instrumento e fiquei por algum tempo insistindo até ele encontrar um amigo que era gaiteiro e perguntar se valeria a pena investir. Esse amigo disse que levaria em casa o seu instrumento e dependendo do jeito que eu manuseasse ele saberia se eu levaria jeito.  Assim que peguei, ele disse para meu pai investir, que eu teria futuro”, relembra.

E não é que ele estava certo? O investimento das últimas economias de seu pai para comprar uma sanfona para ele não foi em vão e Osmar não só teve futuro com o instrumento, como o levou a passar por milhares de palcos. Sempre apaixonado e com ânsia de se tornar acordeonista e poder tocar as músicas que gostava, buscou caminhos para que isso fosse possível, mesmo sem recursos disponíveis no início, conseguiu resultados surpreendentes e hoje além de poder alegrar amigos e familiares com sua música, vive única e exclusivamente de música. Ele relembra ao OSM sua trajetória:  “Não tinha escola de música perto da minha casa, então fui tentando sozinho até que comecei a ir para os bailes com meus primos, com o intuito de ver os acordeonistas tocarem, a fim de aprender algo. Eles eram o meu Youtube. Foi assim que comecei a fazer amizades com músicos da área e adquirir caminhos para aprender o acordeon. Pouco tempo depois era eu quem estava tocando nos bailes, nos bairros, nos festivais da escola”, conta. 

No ano 2000, Osmar e mais quatro amigos, montaram o primeiro grupo, os ‘Tropilhas’. “A partir desse grupo, comecei a ser convidado a participar de outros e outros, e outros. Até que quando me deparei estava morando em Campo Grande, na casa de um amigo músico, trabalhando muito, gravando e fazendo diversas apresentações”, disse. 

Foto: Arquivo Pessoal

Em sua trajetória, participou de diversos grupos regionais até passar a tocar com cantores nacionais. “Depois dos grupos regionais comecei a tocar com duplas sertanejas, como João Lucas, Walter Filho, Tostão e Guarani, até que me chegou o convite para tocar com artista nacional, a dupla Hugo e Gabriel. Foi então que começamos a fazer agenda no Brasil inteiro, por mais de um ano”, relembra.

Após a separação da dupla, o acordeonista ficou algumas semanas desempregado até chegar um novo convite: entrar para a banda do cantor Loubet, o qual permanece até hoje.

“Nunca trabalhei em outra profissão, antes de me tornar músico, eu apenas ajudava meu pai na fazenda, tirava leite, mexia com trator, gado, e foi uma decisão largar tudo para me tornar músico. Uma decisão que não me arrependo. Ver onde eu cheguei, é uma satisfação gingantesca”, diz o músico. 

Para Osmar, o momento mais difícil da sua carreira foi enfrentar a pandemia da Covid-19. “De todos os perrengues, nada se comparado a pandemia, nós ficamos dois anos sem trabalhar, totalmente parados. A renda do músico vem de shows, gravações, e não tínhamos nenhuma agenda”, conta a reportagem do OSM. 

A pandemia forçou o artista a se reinventar dentro da profissão, e hoje, ele tem uma empresa paralela a sua carreira, o qual ensina alunos a tocar do zero o acordeon. “No meio dessa situação, nasceu um novo negócio, na verdade esse projeto nasceu em 2019, mas foi durante a pandemia que aceleramos o processo e isso foi a salvação da lavoura”, conta.  Foi assim que nasceu o curso “Segredos do Acordeon”

“Um amigo que trabalhava com marketing digital, percebeu em mim uma facilidade muito grande em ensinar e viu que eu gostava de compartilhar meu conhecimento e me chamou para desenvolver um projeto de criar conteúdos para as redes sociais, visando futuramente lançarmos um curso. Em maio de 2019 iniciamos a movimentação dos canais, mas logo veio a pandemia, tínhamos o esboço do curso e percebemos a necessidade de lançar o curso. Pegamos dinheiro emprestado do banco e de lá para cá estamos tocando o projeto, que tem dado super certo”, conta.

O acordeonista explica ao OSM que não tem nenhum aluno presencial, todo o treinamento é feito 100% digital. “Hoje são mais de 900 alunos espalhados pelo Brasil. A cada dois meses é aberta uma turma nova”, encerra.

Recentemente Osmar Lima gravou seu disco “Brasil no Fole”, que vem se destacando na categoria de álbuns instrumentais. Seu canal no Youtube já foi postado mais de 100 videoaulas e já passam de 1 milhão de visualizações.

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