Por Viviane Freitas | 15 junho, 2023 - 9:30
Na favela Mandela, em Campo Grande, o frio é cortante. A Capital registrou a menor temperatura máxima em um mês de junho nos últimos 60 anos nesta quarta-feira (14), chegando a 8,9ºC. Mato Grosso do Sul também bateu recorde de frio na região sul, na fronteira, com sensação térmica de -2,8ºC na madrugada da terça-feira (13). No entanto, nas áreas mais pobres da cidade, há quem não disponha nem de janela coberta para deixar o frio do lado de fora.
É o caso da Dona Maria, idosa de 67 anos que mora na favela Mandela, uma região de fundo de vale às margens do Córrego Segredo, no norte de Campo Grande e improvisa em meio ao frio para aquecer os netos e bisnetos. “O jeito é fazer cabana com lona e cobertores para evitar as goteiras e diminuir o frio”, conta a idosa de 67 anos, que cuida das crianças enquanto os pais fazem um ‘bico’ durante o dia”, conta a reportagem do OSM.
A equipe de reportagem também entrou na moradia da Dona Marta, e foi possível ver diversas frestas, onde bastava botar o dedo perto para sentir o vento entrar. Moradora da favela há oito elas ela comenta que é só “por Deus” que estão sobrevivendo. “Só Deus para nos ajudar. Uma família com oito pessoas, as vezes só tem um cobertor, o jeito é todos dormirem enrolados”, disse a moradora ao OSM. Ela ainda frisa, que quem mais sofre nesse tempo, são as crianças: ” É muito difícil para todos, mas as crianças são as que mais sofrem, algumas tem bronquite, asma, são pequenas e o local é muito precário para elas, não ajuda, ainda mais para aqueles que moram próximos ao córrego, que o frio é mais intenso”, disse.
Além do frio avassalador, ambas as famílias sofrem também por falta de alimentação. “Não tem como falar que precisamos mais de comida ou de cobertores, a verdade é que precisamos dos dois, hoje, mais agasalhos por conta do frio e da chuva, mas o resto dos dias, precisamos de alimentação, está muito difícil a situação para todos”, comenta Dona Maria.
Às margens
Noite de chuva e frio é sinônimo de insônia ou de vigília para as famílias que moram em uma favelinha formada na Avenida Guaicurus, logo abaixo do Museu José Antônio Pereira, na entrada para o Conjunto Habitacional Universitárias I e II, conhecido na região como COHAB, na região do Anhanduizinho.
Rafaela de Freitas Fernandes, de 35 anos, entrou em contato com a reportagem do OSM para mostrar a situação que ficou a sua casa após as últimas 48 horas de muita chuva, em Campo Grande. Ela mora na beira do córrego bálsamo, na Avenida Guaicuruis. Confira o vídeo:
É que nos “fundos” das casas de “pau a pique” construídas pelos moradores, na sua maioria formada por catadores de materiais recicláveis ou desempregados que, de uma hora para outra, perderam a condição de ter uma qualidade de moradia melhor, corre o córrego Bálsamo, que nessa época de chuvarada enche, causando medo a todos que ali residem.
“Moro com meu namorado, mas fico praticamente sozinha durante o dia, eu praticamente não consigo dormir a noite com o frio, fico acordada virando de um lado para o outro para tentar me esquentar”, conta Rafaela ao OSM.
Pelo menos 90 famílias já ocupam boa parte das margens de rios e córregos nas sete regiões de Campo Grande, de acordo com a Cufa (Central Única das Favelas/CG). A maioria delas, próximo ao cruzamento da Ernesto Geisel com a Avenida Manoel da Costa Lima, no Guanandi. “Muita gente se esquece que vários irmãos não conseguiram superar a pandemia de forma agradável. E para quem já estava em situação de rua, o estado piorou”, relata Livia Lopes, presidente da instituição.
Quem quiser enviar doações para a população da favela, pode ligar no telefone: 9 91760522 (Jéssica) ou 991636667 (Bideu).
25 novembro, 2024
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