Por Viviane Freitas | 9 fevereiro, 2022 - 14:32
Medo de ser abandonado ou traído levou Adailton Freixeira da Silva, de 46 anos, a torturar a esposa Francielle Alcântara Guimarães, de 36 anos, várias vezes ao longo de 20 dias. Pelo menos essa é a versão que ele contou a polícia após ser preso pelo crime brutal. Ao falar dos dias de agressão, afirmou que punia a mulher quando se sentia “inseguro” no relacionamento.
Na manhã desta quarta-feira (9), a delegada Maíra Pacheco contou detalhes do depoimento do feminicida, que está preso pelo crime desde 31 de janeiro. A história contada por Adailton revela o sentimento comum em casos de feminicídio: ciúmes doentio e possessão.
Depois de 17 anos juntos, o casal ficou um tempo separado no fim do ano passado. Nesse período, Francielle teve outro relacionamento, mas decidiu voltar a viver com o ex-marido. Adailton reatou, mas não “aceitou” a situação. Para punir a mulher, como ele mesmo falou, cortou o cabela dela e a ameaçou.
“Começou com o corte de cabelo, ela tinha cabelo comprido, ele cortou pela metade, depois um pouco mais e ameaçou com uma faca cortar o órgão genital dela caso ela tivesse outro relacionamento, ou eles terminassem”, revelou a delegada.
A “turbulência” passou e o casal voltou a se entender. Nas festas de fim de ano, ficaram com a família de forma tranquila, mas em janeiro a insegurança de Adailton fez com que ele trancasse Francielle em casa e iniciasse sessões de tortura.
Para a delegada, ele explicou que todas as vezes que sentia qualquer indício de que pudesse ser “trocado ou traído”, punia a mulher. As agressões aconteciam de maneiras variadas: socos, chutes, golpes com pedaço de madeira. Quando o corpo foi encontrado, as lesões em Francielle mostravam a brutalidade do suspeito.
No depoimento de Adailton, a polícia tentou entender como Francielle chegou ao estado em que estava: com vários ferimentos e até sem pele nas nádegas.
“Disse que as lesões teriam sido provocadas por duas quedas e para tirar a secreção, usou gilete. A pele foi necrosando. Mas eles teriam tido nova discussão e com pedaço de madeira, ele teria agredido a vítima, o que provocou mais danos na pele. Ele tirou a pele com água oxigenada, por isso ela foi encontrada com a gordura nas nádegas”, narrou a delegada.
A versão não convenceu e hoje a polícia tenta descobrir o que de fato causou as lesões. A principal suspeita é que Adailton tenha usado um maçarico para queimar a mulher. Isso, no entanto, só será confirmado pelo exame de necropsia.
Por 20 dias, Francielle foi torturada todas as vezes que o marido se sentia “inseguro”. Nesse tempo, só pode ficar perto do filho mais novo, que tem menos de 2 anos.
Os dias de horror acabaram na sua morte. Diante da polícia, Adailton afirmou que em um dos dias encontrou uma corda no pescoço da esposa, o que interpretou como “indícios de uma tentativa de suicídio” e se ofereceu para “ajudar”.
“Próximo da morte, ele teria a encontrado com sinais de suicídio, com uma corda no pescoço, foi quando ele a retirou do banco e apertou a corda, dizendo que se ela quisesse se matar, ele poderia ajudar”. Francielle foi encontrada no dia 26 de janeiro, na casa em que foi torturada no Portal Caiobá, com uma lesão de esganadura no pescoço.
23 novembro, 2024
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