Por Viviane Freitas | 3 março, 2022 - 11:34
Após três meses do desaparecimento de Carlos Reis Medeiro de Jesus, de 52 anos, conhecido como “Alma”, investigações da Delegacia Especializada em Homicídio (DEH) apontam para a morte do garagista. O mandante teria sido o dono de uma oficina na Avenida Gunter Hans, onde o crime teria ocorrido com ajuda pelo menos mais seis pessoas, ligado ao PCC (Primeiro Comando da Capital).
Todas as informações são em base na investigação preliminar da Polícia Civil. Conforme a apuração, o garagista teria sido morto com três tiros e esquartejado na loja de vendas de peças de carro de Thiago Gabriel Martins da Silva. A polícia também apontou que outras três pessoas teriam ajudado o principal suspeito a matar e ocultar o cadáver de Carlos, o garagista.
Até o momento, o corpo da vítima não foi encontrado. A relação de Thiago e Carlos é antiga. Ambos eram parceiros de venda e, talvez, de crime. Tratado como desaparecido, a polícia, agora, acredita em um esquema complexo que possa ter levado ao homicídio de Carlos.
“Somente o aprofundamento das investigações é que todos os pontos levantados serão cabalmente esclarecidos, todavia, há que se ressaltar que o caso pode e deve ser tratado, nessa fase embrionária, como sequestro, cárcere privado e homicídio qualificado, sem prejuízo de outros delitos conexos”, detalha a investigação.
O assassinato
Conforme testemunhas escutadas pela investigação, Carlos, o garagista, teria marcado um encontro com Thiago na loja do suspeito. A reunião era para tratar de assuntos que ambos tinham em comum, a agiotagem. Thiago devia uma grande quantia em dinheiro a Carlos, conforme foi levantado pela polícia.
Ao chegar na oficina, Carlos teria estacionado a caminhonete na frente do estabelecimento. A vítima foi, sem saber, para os fundos da oficina. No local, quatro homens o esperavam. Uma discussão tomou o ambiente e alguém teria atirado três vezes contra Carlos.
Após a morte, um dos homens que participou da emboscada foi até a frente da loja, pegou a caminhonete da vítima, que foi usada no transporte para ocultação do cadáver de Carlos, que foi esquartejado, segundo as testemunhas.
Relação do garagista com suspeito
Além de empresário, Carlos atuava como agiota – emprestava dinheiro a juros para terceiros. Thiago, suspeito de ser mandante do crime, era um dos clientes do garagista, conforme a investigação acredita.
Antes de Thiago ser parceiro de Carlos, o pai do suspeito, José Venceslau Alves da Silva, quem ajudava o garagista no negócio. Em áudio obtido pela polícia, Carlos afirmava ter utilizado dinheiro de José Venceslau para ampliar os negócios de agiotagem. Foi então que, após responder por homicídio preso, Thiago teria investido na tentativa de recuperar o dinheiro que “pertencia ao pai”.
A especulação de que Carlos teria utilizado o dinheiro de José Venceslau não progrediu. Foi então que Thiago apresentou Vitor Hugo de Oliveira Afonso para o garagista.
A intenção de Thiago era que Vitor se tornasse um ouvinte e observador da rotina de Carlos. Inclusive, Vitor chegou a morar na casa do garagista. De colega para amigo e de funcionário para assessor particular dos negócios, assim se estreitou a relação de Vitor com Carlos, conforme as apurações da polícia.
Mesmo ampliando os laços, Vitor continuava provendo Thiago de informações sobre a vida de Carlos. A ideia era saber qual o rumo que o dinheiro de José Venceslau teria tomado nas mãos do garagista.
O OSM tentou contato com a advogada de Thiago, mas não obteve respostas.
Entenda o caso
De acordo com um dos filhos de Carlos Reis Medeiros de Jesus, o pai saiu da casa onde mora em uma caminhonete, na região do bairro Tiradentes, em novembro de 2021. O veículo do comerciante foi encontrado destrancado em um barracão que pertence a vítima, na Rua Babilônia, também na região do Tiradentes. “Ela saiu com ela de manhã e foi encontrada por volta das 18h”, afirmou o filho.
Mais cedo, por volta das 15h, a atual esposa de Carlos viu homens em dois guinchos, no mesmo local onde a caminhonete foi encontrada, retirando veículos comercializados pelo garagista. Ela chegou a pedir explicações e ouviu apenas que os carros teriam sido comercializados, conforme revelou o filho do vendedor.
Ainda segundo família, o celular de Carlos chegou a receber ligações e mensagens de texto durante todo o dia de ontem, mas nenhuma foi atendida ou respondida. “Hoje já deu desligado”, conta o filho.
23 novembro, 2024
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