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Preso por executar Marielle, ex-PM Roni Lessa é alvo da PF em Campo Grande

Ronnie Lessa está preso desde dezembro de 2020 em Mato Grosso do Sul

Por Viviane Freitas | 15 março, 2022 - 10:13

Acusado de executar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, em 2018, Ronnie Lessa é um dos alvos da Operação Flórida Heat, realizada na manhã desta terça-feira (15) contra o tráfico internacional de armas. Policiais envolvidos na ação cumprem mandado de prisão contra o ex-policial dentro do Presídio Federal de Campo Grande.

O ex-policial é o único alvo da operação em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul. Outros seis mandados de prisão preventiva e cinco de busca e apreensão são cumpridos no Rio de Janeiro e em Miami, nos Estados Unidos da América. Até o momento, outras duas pessoas foram detidas.

Ronnie está preso desde 12 de março de 2019. Para a polícia, o ex-policial estava no banco de trás do Cobalt que perseguiu o carro da vereadora e foi o autor dos 13 disparos que mataram Marielle e Anderson. Ao longo da investigação, as equipes descobriram buscas feitas pelo acusado na internet sobre uma submetralhadora HK MP5, a mesma usada na execução.

Depois da sua prisão, parentes teriam ainda se “livrado” das armas que Ronnie guardava em casa, entre elas a submetralhadora do crime. A suspeita é que tenham jogado os armamentos no mar da Barra da Tijuca. Várias buscas foram realizadas, mas nada foi recuperado.

A operação

Hoje, a Polícia Federal realiza operação justamente contra grupo criminoso responsável pela venda de armas para traficantes, milicianos e assassinos de aluguel no Rio de Janeiro.

As ações de hoje são furto de dois anos de investigação contra uma quadrilha especializada no envio de armas e acessórios do exterior para o Brasil. Segundo a Polícia Federal, os materiais bélicos eram mandados dos Estados Unidos dentro de contêineres ou encomendas postais para os estados do Amazonas, São Paulo e Santa Catarina.

Na maioria das vezes, as armas eram escondidas dentro de equipamentos, como máquinas de soldas e impressoras, que eram despachados com outros itens: como telefones, equipamentos eletrônicos, suplementos alimentares, roupas e calçados.

Em solo brasileiro, eram transportados até uma residência em Vila Isabel, no Rio de Janeiro. Na casa, os armamentos eram montados com auxílio de impressoras 3D (Ghost Gunner) e posteriormente distribuídos.

O dinheiro para a compra do armamento era enviado do Brasil para o exterior através de doleiros. Um brasileiro, dono de churrascarias em Boston, recebia parte desse dinheiro e repassava para os investigados pela operação nos Estados Unidos.

Segundo a PF, o grupo investia o dinheiro do tráfico de armas em imóveis, criptomoedas, ações na bolsa de valores, veículos e embarcações de luxo. Para frear a quadrilha, foi determinado o sequestro de bens, avaliados em aproximadamente R$ 10 milhões.

Entrevista no presídio

Desde fevereiro do ano passado, a editora abril tenta entrevistar Ronnie Lessa dentro do Presídio Federal de Campo Grande. O pedido foi parar no STF (Supremo Tribunal Federal), que autorizou a conversa entre o acusado e os jornalistas da revista Veja.

A entrevista exclusiva foi publicada no dia 7 de março deste ano. Nela, o ex-policial dá uma “explicação” para a pesquisa sobre a submetralhadora. Alega que se tratava de uma pesquisa de peças para uma réplica da arma, só que calibre 22. “Eles (autoridades) tiveram acesso às minhas redes e viram que sou colecionador. Eu buscava para ela uma coronha, um grip, um suporte de luneta e uma outra pecinha”, justificou a revista.

Se declarando inocente, o policial reformado afirmou que nunca destruiu nenhuma das armas que colecionava, mas que todas elas sumiram depois de sua prisão. “Para mim estava tudo apreendido. Só descobri que ninguém sabia para onde tinham ido as minhas armas durante uma visita do meu advogado ou da minha mulher, já na prisão”, afirmou a reportagem.

Segundo o PM aposentado, todas as armas eram registradas. Seriam elas: duas pistolas calibres 45, além de três réplicas, uma de um fuzil AK 47, outra de uma AR-15 e a última uma submetralhadora igual à do crime.

Ronnie está em Campo Grande desde dezembro de 2020, em uma cela cela padrão, individual, de aproximadamente 7m2, com cama, banco, escrivaninha, prateleiras, vaso, pia e chuveiro, que fica a ala de presos protegidos pela justiça, pois foi policial. Ele já foi condenado por destruição de provas e espera data do o júri popular pelo homicídio de Marielle e Anderson.

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