Por João Paulo Ferreira | 27 novembro, 2024 - 15:43
Um protesto de indígenas contra a falta de água potável nas aldeias Jaguapiru e Bororó, em Dourados, terminou em confronto nesta quarta-feira (27). Agentes do Batalhão de Choque da Polícia Militar utilizaram tiros de borracha e bombas de gás lacrimogêneo para encerrar o bloqueio no trecho da rodovia MS-156.
As aldeias Jaguapiru e Bororó compõem a maior reserva indígena urbana do Brasil, com 13.476 habitantes das etnias Guarani, Kaiowá e Terena. Esse contingente representa cerca de 10% da população indígena de Mato Grosso do Sul, conforme dados do IBGE.
Os moradores das aldeias relatam uma crise de abastecimento de água que se arrasta há semanas. Em vídeos gravados no local, indígenas aparecem tentando dialogar com as forças policiais enquanto tentavam se proteger. O bloqueio da rodovia começou na última segunda-feira (25), causando congestionamento na região.
A Prefeitura de Dourados informou que assinou, no dia 22 de novembro, um acordo com o Distrito Sanitário Especial Indígena de Mato Grosso do Sul (DSEI-MS) para a construção de dois poços artesianos, um em cada aldeia. Já a Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) destacou que realiza a distribuição de água via caminhões-pipa, entregando semanalmente mais de 70 mil litros, além de articular com a Prefeitura de Itaporã o fornecimento diário de 100 mil litros, divididos igualmente entre Jaguapiru e Bororó.
O governo estadual justificou a ação policial alegando a necessidade de garantir o direito de ir e vir. Em nota, afirmou que todas as tentativas de negociação foram esgotadas antes da operação e que forças de segurança permanecerão no local para evitar novos conflitos.
O governo também reiterou seu compromisso com soluções pacíficas e destacou que, em conjunto com a Sanesul e a Secretaria de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades, trabalha na ampliação da rede de abastecimento das aldeias.
Segundo a Sesai, as aldeias já possuem 14 sistemas de abastecimento simplificado, que não são suficientes para atender à demanda devido ao desperdício e ao uso inadequado da água tratada. Enquanto isso, a perfuração de dois novos poços deve ser concluída em até 40 dias. Paralelamente, ações emergenciais visam minimizar os impactos da crise até que soluções definitivas sejam implementadas.
27 novembro, 2024
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