Por João Paulo Ferreira | 4 abril, 2023 - 10:51
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), se reuniu na último segunda-feira (3), com o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. O encontro, classificado como “muito bom”, aconteceu para tratar de “vários temas” e alinhar informações, sem uma pauta específica, destacou o petista.
“Foi uma reunião de rotina em que a gente conversa sobre vários temas, alinha informações, troca informações e estabelece alguns protocolos de como encaminhar as coisas. Foi muito boa, conversamos sobre tudo”, disse o ministro a jornalistas na saída do Ministério da Fazenda, onde ocorreu o encontro. Essa foi a primeira reunião oficial entre Haddad e Campos Neto desde o início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e acontece em um momento de novas pressões do Executivo sobre o BC, em razão da alta da Selic, a taxa de juros do Brasil, atualmente em 13,75% ao ano.
Mais cedo, em conversa com a GloboNews, Fernando Haddad havia afirmado que, apesar das críticas à alta da Selic, não é de responsabilidade da Fazenda discutir uma possível troca no comando do Banco Central. “Isso não é nem assunto para o ministro da Fazenda. Eu tenho que trabalhar com a minha realidade. Tem um Banco Central independente, que não fui eu que criei. Ele tem mandato até final do ano que vem e eu vou respeitar”.
Porém, também nesta segunda, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin (PSB) afirmou que “já passou da hora” do Comitê de Política Monetária (Copom), órgão vinculado ao Banco Central, reduzir a alíquota de juros no país. Na visão do ex-governador, não há motivos para que o Brasil tenha a maior taxa do mundo. “É difícil de entender”, disse Alckmin, abrindo mais um capítulo de atritos entre governo e a instituição bancária. “Em 2020, a taxa de juros era de 2%. Hoje, está em 13,75%. Não tem justificativa, e esse é um fator importante, porque câmbio, juros e imposto são decisivos para a atividade econômica”, afirmou a jornalistas.
Como a Jovem Pan mostrou, as críticas do governo à política de juros, incluindo falas diretas do chefe do Executivo, se tornaram recorrentes nas últimas semanas. Em mais de uma ocasião, Lula criticou diretamente Roberto Campos Neto e defendeu responsabilidade com a população. “Por que esse cidadão, que não foi eleito para nada, acha que tem o poder de decidir as coisas e ainda dizer ‘eu vou pensar como posso ajudar o Brasil’?. Não tem que pensar como ajudar o Brasil, tem que pensar como reduzir a taxa de juros para que a economia volte a funcionar. Não é bravata minha porque não tenho interesse de brigar, esse país não posse ser refém de único homem”, afirmou o mandatário.
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