Por Redação | 19 julho, 2022 - 17:12
Em reunião com líderes do MDB em São Paulo, o ex-presidente Michel Temer afirmou que irá sugerir ao presidente da sigla, Baleia Rossi, o adiamento da data da convenção do partido que vai confirmar a sul-mato-grossense Simone Tebet como candidata à Presidência e que está prevista para o dia 27. A proposta é que o evento aconteça em 5 de agosto, última dia previsto para convenções partidárias, segundo o calendário definido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O pedido acontece um dia após representantes do MDB de 11 estados declararem, durante reunião com petistas, apoio à pré-candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência já no primeiro turno. Líderes do MDB defendem o desembarque da candidatura da senadora caso ela não decole nas pesquisas. Ela tem 1% das intenções de voto, segundo o último levantamento do instituto Datafolha.
Mas o apoio a Lula não é unânime. Na segunda, Rossi afirmou que os diretórios estaduais do partido estão com Tebet. Nesta terça, o MDB divulgou uma nota assinada por dirigentes de 19 estados, na qual reitera o apoio à senadora. Também assinam o documento o presidente nacional do partido, deputado Baleia Rossi (SP) e a Secretaria Nacional do MDB Mulher.
O encontro desta terça contou com as presenças dos senadores Eduardo Braga (AM), Renan Calheiros (AL), Rose de Freitas (MG), Marcelo Castro (PI), do deputado federal Isnaldo Bulhões (AL), do ex-deputado Moreira Franco, e do do ex-presidente Michel Temer. A conversa ocorreu no Itaim Bibi, na Zona Sul de São Paulo, no escritório de Temer.
Na saída, Temer afirmou que foram apresentados dois pedidos a ele na conversa. “Vieram pleitear que eu ajudasse na possibilidade de uma eventual prorrogação da data da convenção que está ajustada para o dia 27. E, segundo, pretendem que se faça uma convenção presencial. Disse a eles que iria conversar com o presidente Baleia Rossi e outros membros da Executiva e verificar essa possibilidade. E especialmente sugerir ao Baleia que faça uma reunião com o grupo do MDB, que conversem”, disse.
O ex-presidente negou que tenham tratado sobre apoio a Lula no primeiro turno e ressaltou que vota na pré-candidata: “Sou emedebista, portanto voto na Simone Tebet”, sobre quem diz não haver “nenhuma oposição radical” no partido. “Pelo contrário, só palavras de elogio para sua candidatura. O que há naturalmente é uma preocupação política, ao que possa acontecer na eleição.”
Sobre um racha interno no partido, o ex-presidente disse que “divergências internas são ajustadas por meio de conversações, por meio de diálogo”.
Renan disse a jornalistas após a reunião com Temer que defendem que “se marque a convenção no ultimo dia do prazo para que possamos conversar, o objetivo é tentar resgatar a instância de conversação”.
“Não dá para pressupor jamais um partido como o MDB querer apressadamente homologar uma candidatura própria sem viabilidade eleitoral, com 11 diretórios assinando uma posição que é característica do momento que estamos vivendo no Brasil, de polarização. A candidatura própria é sempre defensável, desde que ultrapasse o pressuposto da competividade”, afirmou.
Nas últimas eleições gerais, falou Renan, “apresentamos um candidato sem competitividade, o Meirelles, e o preço que pagamos foi a redução da nossa bancada na Câmara para a metade, e a redução da bancada no Senado para metade. O MDB sempre foi um partido importante e tem perdido importância justamente pela diminuição da bancada”.
Na segunda, Braga havia antecipado que o grupo que defende se unir a Lula iria procurar Temer para ampliar a ala e fortalecer o apoio dentro do partido. “O presidente Temer é sem dúvida nenhuma uma liderança dentro do partido. Portanto, ele tem um papel a exercer. Aliás, no dia de ontem [domingo], ele participou de um programa de televisão onde manifestou publicamente a opinião dele sobre a situação da terceira via. Ele disse que lamentavelmente a terceira via não se consolidou. Portanto eu acho que, com a entrevista de ontem, existem fatos novos para que nós possamos conversar também com o Michel Temer”, disse
Além de Braga, estavam presentes no evento da segunda o senador Renan Calheiros (AL), o governador de Alagoas, Paulo Dantas, e os senadores Veneziano Vital do Rêgo (PB), Eunício Oliveira (CE), Rose de Freitas (ES), Lúcio Vieira Lima (BA), Marcelo Castro (PI), Edison Lobão (MA), além do presidente do diretório estadual MDB no RJ, Leonardo Picciani.
Representantes do Pará (Elder Barbalho) e do Rio Grande do Norte (Garibaldi Alves) não compareceram, mas também estão com o grupo e se reuniram com a chapa formada por PT e PSB na semana passada.
“Estamos aqui representados por 11 estados e pelas lideranças das duas bancadas do MDB para dizer da nossa decisão, portanto, de caminhar com a candidatura Lula e Alckmin já no primeiro turno”, afirmou na segunda o senador Eduardo Braga (AM).
Em postagem publicada em uma rede social pouco depois das 17h, Rossi disse que os dirigentes “garantiram que vão apoiar Simone Tebet na convenção que vai homologá-la candidata” e que “todos os dirigentes do MDB estão de pleno acordo”.
Braga disse que não viu o tuíte, mas afirmou que “o presidente Baleia Rossi tem tido diálogos permanentes conosco, portanto não seria uma conversa isolada no dia de hoje”.
“Nós estamos a sete dias da convenção e nós queremos ter um diálogo com o presidente Baleia e com as lideranças do MDB para aí sim termos uma posição. Nós, 11 estados que estamos presentes no dia de hoje, manifestamos publicamente a nossa posição em apoiar o presidente Lula desde o primeiro turno. A nossa posição está tomada. Nós vamos acompanhar o presidente Lula. Agora, com relação à convenção [do partido], nós queremos conversar. Nós podemos votar contra, podemos não participar, temos várias alternativas. Mas essa decisão só será tomada depois desta semana de diálogos no MDB.”
Ao lado de Lula, Braga discursou citando o MDB de 11 estados na sede da Fundação Perseu Abramo, na Zona Sul de São Paulo.
“Tomamos a decisão nos nossos estados de apoiar sua candidatura. Nós temos 11 estados representados do MDB comprometidos com o projeto de Brasil que todos queremos, com o fortalecimento da democracia, com a retomada do crescimento, com a retomada do emprego, renda e da Justiça social com o aspecto humanitário que este país precisa para que nós possamos ter a solidariedade e o enfrentamento da fome”, disse Braga.
A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, que também estava na reunião, afirmou que respeita a candidatura de Simone Tebet, mas considera importante a união com o MDB.
“Essa decisão é muito importante não só para a candidatura do presidente Lula como para a democracia brasileira e para esse processo que estamos vivendo e que é muito diferente de todos os outros processos eleitorais que nós já vivemos no Brasil. Essa união de forças que acredita e luta pela democracia é fundamental para enfrentarmos esse momento.”
“E isso não traz demérito algum para candidatura já colocada pelo MDB para disputar as eleições. Quero aqui colocar o meu respeito e consideração à senadora Simone de quem fui colega por uma parte do meu mandato no Senado, à legitimidade do MDB para apresentar sua candidatura. Mas estamos num momento que nós temos que unir as forças democráticas e progressistas para evitar uma tragédia maior no Brasil. E penso que o momento é agora. Nós não temos muito tempo para fazer isso”, finalizou Gleisi.
Antes da reunião, o governador de Alagoas, Paulo Dantas, afirmou que o grupo irá “defender nas Convenções [o apoio à Lula]”.
“Vamos conversar com todos que fazem o MDB no Brasil para que o MDB marche junto para o fortalecimento da nossa democracia, e a gente entende que a candidatura do presidente Lula representa isso”, declarou Dantas.
Sobre o racha interno no MDB, o governador de Alagoas declarou que ainda estão ocorrendo conversas dentro do partido.
“Obviamente a gente respeita a opinião de todos, mas o nosso ponto de vista é defender firmemente a candidatura do presidente Lula e a aliança já em primeiro turno.”
Partidos de esquerda que apoiam a pré-candidatura de Lula à Presidência da República pelo PT realizaram um ato em Diadema, na Grande São Paulo, no último dia 9.
As siglas que compõem a coligação Vamos Juntos pelo Brasil são PT, PCdoB, PV, PSOL, PSB, Solidariedade e Rede.
Lula (PT) disse neste sábado (9) que a fome e o desemprego enfrentados pelos brasileiros atualmente são causados “pela falta de vergonha na cara de quem governa esse país”.
A fala é uma referência ao presidente Jair Bolsonaro (PL), seu adversário na corrida eleitoral deste ano.
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