Por João Paulo Ferreira | 20 setembro, 2019 - 14:26
A Câmara Municipal de Campo Grande arquivou projetos contra a corrupção na última quinta-feira (18). A postura dos parlamentares revoltou o autor das propostas, André Salineiro (PSDB). Furioso, ele afirmou que sente “vergonha de ser vereador” e rasgou os projetos em plenário.
O vereador desabafou nas suas redes sociais. Confira o vídeo:
Policial federal e estreante na política, Salineiro propôs uma espécie de pacote contra a corrupção na Capital. O primeiro projeto dava preferência para a empresa que adotasse medidas de combate à corrupção em caso de empate nas licitações públicas realizadas pelo município.
A Comissão de Constituição e Justiça considerou os três projetos inconstitucionais e determinou o arquivamento. Como o placar não foi unânime, o parecer foi submetido ao plenário.
No esforço para manter as propostas, Salineiro destacou que medidas semelhantes já foram implantadas em Campinas e Valinhos, em São Paulo, e Lucas do Rio Verde (MT). Ele citou que medidas semelhantes são adotadas há mais de três décadas nos Estados Unidos e Inglaterra.
O parlamentar destacou que há jurisprudência a respeito do assunto no Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça. Sobre os cervejeiros, ele destacou a importância do incentivo para a geração de renda e empregos na Capital.
No último esforço para salvar os projetos, o tucano pediu votação nominal – em que cada vereador se manifesta no microfone contra e a favor o projeto. O plenário rejeitou a medida e a votação foi simbólica (só os contrários ergueram as mãos).
Apenas cinco dos 29 vereadores manifestaram-se a favor do pacote contra corrupção proposto pelo tucano: o próprio Salineiro, Vinícius de Siqueira (DEM), Enfermeira Cida (PROS), Dr. Loester Nunes (MDB) e Dharleng Campos (PP). Outros dois se manifestaram, mas apenas contra o arquivamento dos incentivos aos cervejeiros, Enfermeiro Fritz (PSD) e Betinho (PRB).
O resultado irritou o tucano. “Sinto vergonha por ser vereador”, desabafou no microfone, antes de criticar os colegas de forma contundente. “Até contra votação nominal?”, espantou-se.
“Fomos eleitos para representar a população lá fora e não (para defender) interesses próprios”, acusou. Ele disse que o plenário jogava por terra todo o trabalho da sua equipe ao valorizar o parecer da CCJ e ignorar até decisões de cortes superiores.
“Preferiram matar pela raiz”, lamentou-se, em entrevista no início da noite de hoje. O tucano ficou inconformado com a estratégia do parlamento de nem ao menos se dar ao trabalho de discutir medidas contra a corrupção.
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