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VÍDEO: Na despedida de Simone do Senado, Soraya rasga elogios à ex-concorrente à Presidência

Tebet foi professora, colega e rival na corrida presencial de Thronicke

Por João Paulo Ferreira | 15 dezembro, 2022 - 13:52

 

Em emocionado discurso de despedida do Senado, na última quarta-feira (14), a senadora Simone Tebet (MDB-MS) recebeu diversos elogios no discurso de sua colega, ex-aluna e ex-concorrente

à Presidência da República, a senadora Soraya Thronicke (União Brasil).

Soraya  parabenizou a senadora pela “grandeza, elegância, inteligência, coragem, presença, amizade e força”.

— Aqui no Brasil ser mulher na política não é fácil, porque às vezes você é usada, é enganada, e são poucas as mulheres que se dispõem — afirmou.

CONFIRA O VÍDEO:

Em sua despedida, Simone Tebet defendeu o regime democrático, a participação ativa da mulher na vida pública e cobrou melhorias nas condições de vida dos brasileiros de todas as regiões do país.

“É preciso urgentemente que o livro volte ao lugar das armas, a esperança ocupe o lugar da iniquidade, a verdade varra definitivamente a mentira, o ouvido conciliador volte a ocupar o lugar do, hoje, grito de ordem, e que o diálogo assuma definitivamente o seu lugar no lugar do ditado, para que o amor definitivamente tome o lugar do ódio”, afirmou.

Simone Tebet, cujo mandato termina em 1º de fevereiro de 2023, disse que a democracia e os direitos constitucionais não podem se limitar a discursos de ocasião, e que a Constituição, “a nossa maior e mais abrangente luz, não pode ser mero ornamento nas prateleiras vazias”. A senadora expressou gratidão aos seus pares e afirmou que “só é cidadão quem tem salário justo e digno, quem lê e escreve, quem mora, quem tem hospital e remédio e lazer para descanso”.

“Nossa missão é garantir que os direitos mais sagrados, invioláveis, individuais, fundamentais, como direito à vida, à liberdade, à igualdade e à propriedade, não sejam apenas de poucos, mas de todos. Ao longo da minha caminhada, aprendi que não se luta apenas para vencer. Confesso aqui que ganhei muito mais nas vezes em que perdi as batalhas. Mas, se a gente luta, é para defender projetos, para disseminar ideias, para iluminar caminhos, para plantar boas sementes para ter uma colheita coletiva no futuro. Eu não posso negar que, em determinados momentos, eu fui ao limite da minha capacidade física e mental “, afirmou.

Simone Tebet ficou em terceiro lugar na eleição presidencial deste ano, quando obteve 4.915.423 votos, equivalente a 4,16% do eleitorado, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Após o primeiro turno, a senadora se uniu à campanha do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, eleito para um terceiro mandato de presidente da República no segundo turno das eleições, em 30 de outubro último.

“No limite das minhas naturais limitações e possibilidades, procurei fazer da fagulha da esperança de muitos um facho de luz para iluminar os caminhos do povo brasileiro. A busca por igualdade de oportunidades sempre foi a minha grande missão, a minha grande causa e por ela lutei. Lutei por um Brasil justo e solidário, para que cidadania não fosse apenas uma mera figura de retórica nem se restringisse ao simples ato de ir às urnas votar, mas pudesse ser a mais absoluta e plena, pudesse representar aquilo que está na Carta Magna”, afirmou.

Simone Tebet disse ainda que, junto com a bancada feminina do Senado, “buscou superar o ódio, a violência, as injustiças, a incúria política e administrativa, o descaso e a omissão que, infelizmente, marcaram, nesses quatro anos, a cena política brasileira”. A senadora ressaltou que, vinda “do interior do interior” do Brasil, jamais imaginou chegar tão longe e ocupando espaços que, nos últimos 198 anos, sempre foram dominados pelo timbre masculino.

“Fui a primeira mulher presidente da Comissão Mista de Combate à Violência contra a Mulher do Congresso Nacional, fui a primeira presidente da comissão mais importante desta Casa, a Comissão de Constituição e Justiça e, graças à bancada do meu partido, por unanimidade, fui a primeira mulher a liderar a maior bancada, na época. Fui a primeira líder da bancada feminina no Senado Federal”, afirmou.

Simone Tebet defendeu ainda a participação das mulheres na política e disse que a atuação feminina é fundamental para o avanço democrático do país.

“Vocês vão descobrir talentos, vão descobrir competência, ética, respeito e, acima de tudo, um amor incondicional de mãe e de mulher por este país. E eu peço ao Brasil, agora que saio que, pelas redes sociais, acompanhem os trabalhos dos nossos colegas, mas deem um olhar especial para cada uma das deputadas, das senadoras, das parlamentares, das mulheres que fazem política no Brasil e vocês vão ver quantos talentos, e quanto desperdício de capacidade, está o Brasil perdendo na causa pública. Os registros do Senado dão um testemunho dos avanços na legislação da nossa bancada, não só no combate à violência contra a mulher, em que tivemos a unanimidade dos votos com os parlamentares homens, mas na nossa luta contra qualquer tipo de discriminação “, afirmou.

Simone Tebet disse que a CPI da Covid transformou sua indignação em coragem ao constatar que 700 mil pessoas perderam as vidas.

“Muitas delas poderiam estar vivas não fosse uma política de saúde pública movida pela insensatez, pela insensibilidade e pela omissão. Há tanto por fazer e há tantos retrocessos para combater”, desabafou.

Simone Tebet adiantou que não pretende abandonar a vida pública.

“Não sei aonde a vida vai me levar, mas farei política enquanto viver, como cidadã, como professora, como advogada, repito, aonde quer que a vida me leve. Lutarei e continuarei a lutar por um Brasil sem fome e sem miséria, por saúde e educação de qualidade, que devolvam a cidadania e nos retirem dessa vergonhosa situação de ser um dos países com maior desigualdade social do planeta; por um Brasil que volte a ter, na nossa diversidade, a nossa maior riqueza, afinal, somos um único país. Um país, enfim, cujo povo cultiva em terra fértil, com seu trabalho, sua arte e seus sabores, o futuro que todos nós queremos”, afirmou.

Simone Tebet também agradeceu a todos os funcionários do Senado.

“Sou testemunha de que vocês são o coração, a alma e o pulmão do Senado Federal. Nós passamos; vocês permanecem, porque nós somos passageiros; vocês são necessários, missionários da causa pública”, destacou.

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