Por João Paulo Ferreira | 1 setembro, 2021 - 15:46
O momento de se vacinar contra a Covid-19 foi emocionante para a estudante Bruna Santana Prates Gomes, de 15 anos, que homenageou familiares que morreram devido a doença. A adolescente perdeu a mãe, a avó, bisavó e três tios em um período de quase três meses. Com o objetivo de conscientizar, ela foi até um posto de vacinação de Santos, no litoral paulista, acompanhada de um cartaz lembrando dos seis parentes.
“Fiz a homenagem para que as pessoas comecem a se conscientizar de que a vacina salva e que não tenham medo. Que vendo as mortes no cartaz tenham noção do que é o coronavírus”, desabafa em entrevista ao site G1 nesta quarta-feira (1º).
A adolescente morava em São Felipe, cidade no interior da Bahia, com a mãe. Entretanto, tinha viajado para ficar com o pai no litoral de São Paulo e permaneceu na cidade devido ao aumento de casos de Covid-19, já que podia estudar de forma remota. No período em que esteve em Santos, seis familiares contraíram o vírus.
Bruna explica que um tio foi o primeiro a se contaminar, quando outros parentes se infectaram. Ela acompanhava as notícias de longe e soube da morte dele e da avó, de 67 anos, ainda em março deste ano. A mãe dela, de 47 anos, também foi infectada, ficando internada por um período. Ela relembra que contava os dias para a alta dela.
“Minha mãe morreu 16 dias antes de eu completar 15 anos, uma data especial. Por conta da pandemia não teve festa, mas um dos meus maiores desejos quando ela estava no hospital era que ela pudesse sair da sedação antes do meu aniversário para eu conseguir ouvir ela me dar um parabéns. Foi difícil passar esse aniversário sem ela”, diz emocionada.
A estudante ainda perdeu outros dois tios e a bisavó, única que teve a chance de ser imunizada. Bruna explica, ainda, que um dos motivos para a mãe preferir que ela ficasse em Santos era o fato da vacinação estar mais acelerada. A adolescente conta que se emocionou ao receber a dose, nesta terça-feira (31), no Complexo Esportivo Rebouças. Ela lembrou de cada um dos parentes que perdeu ao longo dos últimos meses.
“Tomei tanto por mim quanto por eles, que não tiveram a chance de tomar essa vacina. Bateu uma emoção e sentimento enorme de gratidão por ter aguentado tudo isso e estar aqui hoje”, declarou Bruna.
Aos 15 anos, ela reitera a importância dos adolescentes buscarem a imunização assim que possível, salientando o quanto só a vacina pode ajudar. “Não adianta postar nas redes sociais que quer que tudo volte ao normal se na hora de tomar a vacina fica com medo e não quer. Isso foi um incentivo para as pessoas, principalmente adolescentes”, descreve.
O pai de Bruna, o operador de produção Welithon Prates Gomes, de 53 anos, relata que a vacina e a homenagem foram momentos de emoção. Ele reforça a necessidade das pessoas se conscientizarem. “As pessoas não acreditam nas pesquisas, na ciência e é muito doído quando acontece com alguém próximo da gente. Eu sei o que minha filha passou e está passando e não desejo para ninguém. É uma coisa que está acontecendo e se não se prevenir vai acabar chegando na gente”, diz o operador.
23 novembro, 2024
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