Por João Paulo Ferreira | 8 novembro, 2024 - 9:11
Após três meses de tratamento intensivo, Paulo Henrique, de 22 anos, que perdeu parte do pulmão devido a uma pneumonia severa e derrame pleural causados pelo uso de cigarro eletrônico, finalizou seu tratamento hospitalar em Campo Grande. As complicações respiratórias surgiram após quatro meses de uso de dispositivos eletrônicos para fumar, como “vapes” e “pods”, e o narguilé, resultando em lesões graves nos pulmões. O jovem passou semanas internado e foi submetido a três cirurgias para remover o tecido necrosado, mas as sequelas permanentes impõem limitações significativas em sua rotina.
Desde que recebeu alta, em agosto, Paulo vem seguindo com acompanhamento médico domiciliar e adaptações no dia a dia. De acordo com sua mãe, Débora Sampaio, ele não pode mais realizar atividades físicas intensas, carregar peso ou qualquer outra atividade que exija fôlego, o que impacta até mesmo nas possibilidades de trabalho. Débora, que chegou a deixar o emprego para cuidar do filho, conta que ele não conseguirá retomar uma rotina completa tão cedo. “Ele ainda não pode trabalhar e, quando puder, será em algo muito leve”, diz ela.
Casos graves como o de Paulo têm se tornado mais comuns no Brasil, onde o uso de cigarro eletrônico entre jovens é crescente, impulsionado pela popularidade nas redes sociais. Esses dispositivos, apesar de ilegais desde 2009, estão cada vez mais acessíveis e contêm concentrações de nicotina muito superiores às dos cigarros convencionais, além de outras substâncias tóxicas e metais pesados que podem causar danos irreversíveis à saúde.
Segundo a pneumologista Vera Borges, do Instituto Nacional do Câncer (Inca), a velocidade com que os usuários de vape desenvolvem doenças pulmonares é preocupante. “O uso do cigarro comum pode causar uma doença pulmonar em décadas, mas o vape pode causar o mesmo dano em poucos anos”, explica a especialista. Dados do Covitel indicam que um em cada quatro jovens entre 18 e 24 anos experimentou o vape em 2023, o que preocupa médicos e autoridades sanitárias. A proposta de regulamentar os Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs) está em tramitação no Senado, mas enfrenta resistência de entidades de saúde.
Para Paulo Henrique, as limitações físicas impostas pela doença são um desafio diário. Antes da internação, ele levava uma vida normal, mas agora vive com restrições respiratórias severas que o impedem de realizar atividades rotineiras. A família, que passou por dificuldades financeiras, organizou uma vaquinha para auxiliar nos custos de tratamento e outros gastos relacionados à adaptação de Paulo à nova rotina. Débora Sampaio, sua mãe, retornou recentemente ao trabalho e pretende continuar ajudando o filho até que ele consiga um emprego adequado às suas limitações.
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