Por João Paulo Ferreira | 16 agosto, 2024 - 7:42
A Secretaria de Estado da Saúde de Mato Grosso do Sul (SES) confirmou na última quarta-feira (14) o primeiro caso autóctone de Febre Oropouche no estado. O caso, registrado no município de Itaporã, foi identificado em um homem de 52 anos, que apresentou sintomas em abril deste ano e já se encontra recuperado.
Segundo informações da SES, o paciente procurou atendimento médico em Itaporã no dia 4 de abril, relatando sintomas como dor de cabeça e dores musculares. Uma amostra de sangue foi coletada no dia seguinte e enviada ao Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública de Mato Grosso do Sul), onde inicialmente testou negativo para Dengue, Zika e Chikungunya, doenças que possuem sintomas semelhantes.
No entanto, em 21 de julho, após a implementação de uma estratégia de detecção mais abrangente, conhecida como “detecção guarda-chuva”, a amostra do paciente foi submetida a novos testes que confirmaram a presença do vírus Oropouche. Este resultado foi obtido como parte de um esforço mais amplo iniciado em junho, após o primeiro caso importado da doença ter sido identificado no estado.
Após a confirmação laboratorial, a Vigilância Municipal de Itaporã realizou uma busca ativa para obter mais informações sobre o caso, investigando o histórico de viagens do paciente, se ele havia visitado áreas de mata ou recebido visitantes de outras regiões. Com todas as respostas negativas, concluiu-se que a infecção ocorreu dentro do próprio município, caracterizando o caso como autóctone, ou seja, a transmissão ocorreu no local onde o paciente reside, sem envolvimento de fatores externos.
A gerente técnica estadual de Doenças Endêmicas da SES, Jéssica Klener Lemos dos Santos, destacou que a confirmação do caso autóctone é um marco importante na vigilância epidemiológica do estado. Desde a notificação do primeiro caso importado, a SES tem intensificado as ações de monitoramento e prevenção da doença em colaboração com os municípios. Até o momento, 818 amostras que testaram negativo para Dengue, Zika e Chikungunya foram reavaliadas, e apenas duas foram confirmadas como positivas para Febre Oropouche.
A Febre Oropouche é uma doença causada por um arbovírus que foi identificado pela primeira vez no Brasil em 1960. Desde então, casos isolados e surtos têm sido relatados principalmente na região amazônica, embora também haja registros em outros países da América Latina, como Panamá, Argentina, Bolívia, Equador, Peru e Venezuela.
A transmissão do vírus ocorre principalmente por meio da picada do mosquito Culicoides paraenses, conhecido popularmente como maruim ou mosquito-pólvora. Existem dois ciclos de transmissão da doença: o ciclo silvestre, onde os principais hospedeiros são animais como macacos e bichos-preguiça, e o ciclo urbano, em que os seres humanos se tornam os principais hospedeiros do vírus.
Os sintomas da Febre Oropouche são similares aos de outras arboviroses, como dengue e chikungunya, incluindo dor de cabeça, dores musculares, dores nas articulações, náuseas e diarreia. Não há tratamento específico para a doença; o manejo é feito com base no alívio dos sintomas, repouso e hidratação.
O Brasil tem observado um aumento expressivo no número de casos de Febre Oropouche nos últimos anos. De acordo com o último boletim do Ministério da Saúde, em 2024, foram registrados 7.653 casos da doença, com dois óbitos. Em 2023, o número de casos foi significativamente menor, com 831 registros.
Para prevenir a disseminação da doença, a SES orienta a população a adotar medidas semelhantes às utilizadas contra a dengue. Isso inclui evitar áreas com a presença de maruins, utilizar roupas compridas e sapatos fechados, instalar telas de malha fina em portas e janelas, e manter a limpeza de terrenos e locais de criação de animais. Em caso de sintomas, é fundamental procurar uma unidade de saúde para avaliação e diagnóstico.
23 novembro, 2024
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