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Memória fraca: até que ponto é normal?

“A memória é necessária para nossa sobrevivência, é, inclusive, uma característica animal”, diz psiquiatra

Por João Paulo Ferreira | 5 março, 2023 - 15:32

Uma situação clássica: estar em um local público e ser cumprimentado, mas, não lembrar-se quem era aquela pessoa. Quem nunca passou pela situação de entrar em um ambiente e esquecer, completamente, o que faria ali? Ou estava em uma conversa e não se lembrava do que iria falar?

Esquecer faz parte da vida de todos, porém é importante saber quando esse esquecimento é normal e quando é sinal de que algo mais grave esteja acontecendo. Exercitar a memória é uma das atividades mais importantes para a nossa saúde. Assim como nosso corpo, a mente não pode parar de trabalhar.

O Dr. Marcos Estevão, psiquiatra, dá dicas essenciais para driblar a dificuldade de memória e fala de atitudes que ajudam a estimular o cérebro.


Refém da memória 

Não é anormal sermos reféns de nossa memória, praticamente todos nós esquecemos alguma coisa. A falta de memória, dentro de um certo ponto, não passa a anormalidade.

A memória é um dos elementos estudados pelas ciências mentais (psiquiatria e neurologia), temos locais específicos dela, onde fixamos o que vemos e aprendemos e depois conseguimos evocar o que foi visto anteriormente. É o processo de memória.

Sobrevivência 

A memória, desde a infância, nos faz ver o que o que pode e não pode, pois aprendemos com a experiência tudo o que foi positivo e negativo em nossa vida, colocando, com o tempo, tudo em prática. Portanto, a memória é necessária para nossa sobrevivência, é, inclusive, uma característica animal. Então, sim, nos tornamos reféns da memória, pois ela é, exatamente, um ato de sobrevivência, fundamental.

Avalanche de informações  

No passado éramos muito menos desmemoriados do que hoje, pois agora há uma enxurrada, uma avalanche de informações. A memória precisa de algo muito importante: atenção! Não tem como ter atenção em algo se muitas coisas estão vindo e, por diversas vezes, ao mesmo tempo. Esse excesso traz um conflito muito grande para as conexões de nossos neurônios, com isso a atenção é dissipada. Ocorre que vemos muitas coisas, mas acabamos não ficando com nada na cabeça.

Neuróbica? 

É a ginástica cerebral, onde, por exemplo, a pessoal faz o exercício de escovar os dentes com a mão esquerda, que geralmente é a não dominante, fazendo com que haja foco, pois não é um ato comum.

Síndrome do pensamento acelerado 

O pensamento acelerado, na verdade, é um sintoma de outras doenças, não é algo isolado. O ansioso, por exemplo, tem o pensamento acelerado.

No trabalho 

Agenda e rotina. A rotina pode não ser boa sempre, mas é necessária para não haver prejuízos. Um ponto importante é que, apesar do hábito diário ser necessário, é preciso adotar mecanismos, como por exemplo, fazer uma lista com os itens que precisam ser comprados no supermercado, mas, não usá-la, tentando finalizar a compra corretamente. Isto exercita o cérebro.

Em relação ao trabalho é a mesma coisa. É importante elencar na agenda tudo que é preciso fazer, mas da mesma forma como a situação da lista de mercado. Até porque o trabalho exige um tempo menor e produtividade, tudo acompanhado de pressões sem poder errar.

Sono é fundamental 

Uma boa noite de sono é primordial, pois é o momento que se consegue reter praticamente tudo o que foi visto durante o dia. Um ponto importante que não só o tempo, que varia entre seis e oito horas de sono, mas a qualidade de sono é muito importante para estar desperto no dia seguinte.

Sinais de alerta 

É a partir de quando a função da pessoa começa a ficar prejudicada pela falta de memória. A partir deste momento é um alerta para buscar um profissional de saúde.

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