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Jogos online e redes sociais ampliam risco de abuso infantil; confira como prevenir

Diálogo, atenção e interesse pelo mundo dos jovens ajudam a evitar o aliciamento sexual

Por Viviane Freitas | 9 maio, 2022 - 8:51

O caso da menina de 13 anos que foi encontrada em Cascavel (PR) seis dias após ter fugido de Campo Grande com um homem de 25 anos, que conheceu em um jogo on-line, chamou a atenção para o controle das atividades de crianças e adolescentes no mundo virtual. Especialistas apontam comportamentos que podem acender o sinal de alerta aos pais e responsáveis e como prevenir o aliciamento sexual na internet.

O acesso de crianças e adolescentes ao mundo virtual tem aumentado. Segundo a Pesquisa TIC Kids Online, conduzida pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação do NIC.br, 76% dos usuários com idades entre 9 e 17 anos acessam a Internet mais de uma vez por dia e 43% das crianças e adolescentes viram alguém ser discriminado no ambiente digital.

Cuidados para evitar situações que representem riscos à saúde física e mental desses seres humanos ainda em formação em espaços virtuais são necessários. Diálogo, atenção e interesse são os principais pontos citados por especialistas para criar um vínculo com a criança e o adolescente.

Quando as brincadeiras e encontros presenciais com amiguinhos transformam-se em contato virtual com desconhecidos do outro lado da tela, o cuidado é fundamental. A psicóloga infantojuvenil Micaela Klucznik Vegini explica que o vínculo afetivo e comunicativo é uma forma de conquistar a confiança e garantir a proteção das crianças e adolescentes.

“A forma que essas pessoas utilizam para captar essas crianças e esses adolescentes é criando um vínculo com eles, tentando ganhar a confiança deles e é da mesma forma que esse pai, essa mãe, esse cuidador tem que agir com essa criança. Criar um vínculo a ponto dessa criança ter liberdade para dizer: ‘ah, eu conversei com fulano, estou fazendo uma amizade, tenho um novo amigo’”, afirmou Micaela.

A neuropsicóloga infantojuvenil, Thamires de Oliveira, afirma que saber os jogos que as crianças e adolescentes têm acesso é necessário. “Estar sempre atento, conversar com eles sobre os perigos que existem, estar disponível para escutá-los também. Supervisione, ensine e oriente para ajudá-los a aprender a diferenciar e a perceber possíveis perigos que possam surgir através dos jogos e da Internet”, disse Thamires.

A demonstração de interesse ajuda na criação de vínculo entre pais e responsáveis com a criança ou o adolescente. Além disso, é importante conhecer de fato o jogo que está sendo jogado.

“O primeiro de tudo é criar esse vínculo com o filho, entender, ter interesse. ‘Olha, que legal. Que jogo é esse? Como se joga? Nossa, você conversa com pessoas de todos os estados? Você já tem amigo, como é esse amigo?’”, detalha Thamires.

Após situação de aliciamento sexual, o acolhimento é fundamental para a criança ou adolescente vítima de abuso. O primeiro passo indicado é informar às autoridades policiais do ocorrido. Paralelamente, a criança e o adolescente precisam receber acolhimento e atenção psicológica.

“Principalmente depois que acontece tudo, eles se sentem muito enganados, como se fossem as pessoas mais horríveis do mundo por terem acreditado, então o que eles mais vão precisar nesse momento é o acolhimento desses pais, não o julgamento”, reforça a psicóloga Micaela.

Além disso, os pais e responsáveis também precisam de recomendações de profissionais capacitados. “Independente do que aconteceu, orientar também esses pais sobre como conduzir agora dentro de casa, depois do fato ocorrido”, completou.

Limites

A neuropsicóloga Thamires explica que há limites sobre o uso de dispositivos eletrônicos para cada faixa etária. “De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria o ideal é que crianças de até 3 anos não tenham contato com nenhum tipo de tela, pois é uma fase crucial do desenvolvimento infantil. É nesse período onde o uso e, principalmente, o excesso dele pode prejudicar o desenvolvimento da comunicação, o social, a vinculação e pode também devido a emissão da luz artificial desencadear o aumento de doenças orgânicas como a miopia, depressão, [além de que] pode reduzir a produção de melatonina, hormônio do sono”.

De 3 a 6 anos, Thamires orienta que a tecnologia seja inserida com a supervisão e orientação constante de um adulto. “Se usado de forma excessiva pode apresentar comportamentos de agressividade e de impulsividade”, disse.

A partir dessa fase até os 9 anos, o uso não deve ultrapassar 2 horas diárias. “Supervisão constante, mas sempre mediando com outras atividades durante o dia”, acrescenta a especialista.

“Dos 9 aos 12 anos é uma faixa etária em que a criança está totalmente entendida do uso, então é importante que os responsáveis ajudem e orientem sobre o uso adequado do eletrônico e qual conteúdo é apropriado ou não para a sua idade”, orienta a profissional.

Sinais de alerta

As especialistas citam quatro mudanças de comportamento em crianças e adolescentes que podem indicar algo errado para os pais. Contudo, as profissionais alertam que situações de perigo podem provocar nos jovens uma série de comportamentos padrões. Veja os principais sinais de alerta:

1- Agressividade

De acordo com a psicóloga infantojuvenil Micaela Klucznik Vegini, crianças e adolescente que estejam mantendo contato com pessoas suspeitas em jogos on-line podem apresentar comportamento agressivo.

“Geralmente as pessoas que se aproximam com o intuito sexual tentam transformar os pais na pior espécie do mundo, convencê-los de que aquela família não é boa. Isso piora se essa criança ou adolescente tem alguma dificuldade de relacionamento com aquela família. Ele usa aquilo contra eles. Então, às vezes a criança e o adolescente pode demonstrar agressividade, principalmente quando o pai questiona alguma coisa da internet, a criança ou o adolescente vai levantar a voz, vai gritar, vai iniciar uma briga”, explica.

2- Isolamento

O isolamento é uma característica normal na adolescência, apontam as especialistas. Mas em excesso, essa característica pode apontar perigo. “É esperado que esse adolescente se isole, fique mais no quarto, no celular, mas vamos ver se esse adolescente está saindo com os amigos ou não está, se ele tem algum tipo de comunicação com a família”, orienta Thamires.

“O isolamento que eu falo é a criança querer ficar 100% naquele jogo, no celular, no tablet, porque é algo que está chamando muito a atenção dela, então ela se afasta das amizades, não quer mais sair tanto para brincar fora, não quer ir aos lugares que ela gostava de ir. Se é um adolescente, se isola do grupo social, não sai mais com os amigos, só fica ali dentro do quarto, jogando”, completa Micaela.

3- Ansiedade

A psicóloga explica que o contato com estranhos pode gerar crises e conflitos emocionais a crianças e ao adolescente, que têm orientação sobre os riscos dessa atitude.

“Uma criança geralmente vai demonstrar mais ansiedade com medo dos pais descobrirem. Às vezes começa a roer unha, a ter compulsão alimentar, a ansiedade é um dos pontos que demonstram tanto em crianças, quanto em adolescentes”, detalha Vegini.

4- Sensação de vigilância constante

Outro comportamento comum na fase da adolescência, mas deve servir de alerta para os responsáveis é a sensação de vigilância constante nesses indivíduos.

“Quando você está fazendo alguma coisa e tem um senso de que pode ser errado, ela fica muito exagerada. ‘Por que você fica me perguntando isso? Você está desconfiando de mim?’ Cria-se um senso como se o pai e a mãe ficassem vigiando o tempo todo e às vezes isso não está ocorrendo”, explica a psicóloga

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