Por João Paulo Ferreira | 8 março, 2024 - 14:23
O Dia Internacional da Mulher foi marcado pela divulgação do estudo “Estatísticas do Gênero 2022” pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), lançando uma luz detalhada sobre as desigualdades enfrentadas pelas mulheres, especialmente aquelas de cor preta ou parda, em Mato Grosso do Sul (MS). O relatório oferece uma análise interseccional que abrange desde o empoderamento econômico até questões de saúde, educação, participação na vida pública e direitos humanos, revelando como gênero e raça interagem para moldar as experiências das mulheres sul-mato-grossenses.
A pesquisa destacou que, em média, as mulheres em MS dedicam quase duas vezes mais horas semanais a cuidados de pessoas e afazeres domésticos do que os homens, totalizando 19,2 horas contra 10,8 horas. Este desequilíbrio no tempo dedicado ao trabalho não remunerado tem repercussões diretas na participação feminina no mercado de trabalho e em suas trajetórias profissionais. Interessantemente, MS figura entre os estados com o maior tempo médio dedicado por homens a essas atividades, ocupando a quinta posição nacional, o que sugere uma participação masculina acima da média em tarefas domésticas.
A análise por cor ou raça aprofunda a discussão, indicando que as mulheres pretas ou pardas são as mais sobrecarregadas, dedicando 0,9 hora a mais a essas tarefas em comparação com mulheres brancas. A situação é ainda mais crítica quando se observa a participação das mulheres no mercado de trabalho. O estudo aponta que a presença de crianças de até 6 anos nos domicílios diminui significativamente a taxa de ocupação feminina, uma diferença de 13,2 pontos percentuais em relação às mulheres sem filhos nessa faixa etária.
No campo da educação, apesar de avanços, as mulheres ainda enfrentam barreiras para alcançar igualdade. Em MS, 49,5% dos docentes do ensino superior são mulheres, uma ligeira minoria que reflete desafios persistentes no acesso a posições de liderança acadêmica. A taxa de fecundidade das mulheres também foi analisada, mostrando uma redução ao longo dos anos, ainda que MS mantenha sua posição no ranking entre as unidades federativas.
A representação política feminina no estado evidencia a lentidão na conquista de espaços de poder. Com apenas uma mulher na câmara dos deputados, a proporção de representação feminina retrocedeu ao patamar de 2017, ressaltando a necessidade de mecanismos que fomentem a participação feminina na política. A violência contra mulheres continua alarmante, com MS apresentando a terceira maior taxa de violência perpetrada por parceiros íntimos entre as unidades federativas.
Este estudo sublinha a importância de desenvolver políticas públicas que não apenas reconheçam, mas atuem diretamente sobre as interseções de gênero e raça para mitigar as desigualdades reveladas. A partir desses dados, fica evidente que a luta pela igualdade de gênero em MS requer uma abordagem multifacetada, abordando desde a distribuição desigual de tarefas domésticas até a representatividade política, passando pela necessidade de maior proteção contra a violência.
21 novembro, 2024
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