Por João Paulo Ferreira | 18 setembro, 2024 - 16:54
Dirigido por Aaron Salles Torres, o curta-metragem Nunca Te Prometi Um Mar de Rosas une o Cinema, o Agronegócio e a preservação ambiental ao contar a história de Ida, uma adolescente autista que se dedica à domesticação do algodãozinho-do-cerrado (Cochlospermum regium), uma planta nativa do Cerrado ameaçada de extinção. A obra busca não apenas sensibilizar sobre a preservação desse bioma, mas também promover debates sobre inovação e sustentabilidade.
“Cresci em Três Lagoas, e o algodãozinho fazia parte do cenário urbano na minha infância, com suas plumas brancas flutuando ao vento. Essa memória me inspirou a adaptar o roteiro à realidade do Cerrado brasileiro, trazendo essa relação fluida entre cidade e campo”, explica o diretor Aaron Salles Torres.
O filme busca ampliar a conscientização sobre as dificuldades enfrentadas pelo Cerrado, como queimadas e desmatamento, além de apoiar ações práticas para a preservação da planta. “Precisamos de mais esforços conjuntos para garantir que espécies como o algodãozinho continuem a existir, apesar dos desafios ambientais”, reforça a engenheira agrônoma Francimar Perez Matheus da Silva.
A produção do curta também contribuiu diretamente para a conservação da planta, realizando marcações para coleta de sementes que estão sendo enviadas à Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer) e à Embrapa. Essa parceria tem possibilitado novas pesquisas e estudos sobre as propriedades do algodãozinho, com potencial farmacológico e alimentício.
“Precisamos preservar espécies como o algodãozinho-do-cerrado antes que desapareçam completamente. Sua domesticação pode gerar grandes benefícios econômicos, além de ser uma alternativa sustentável para os agricultores”, ressalta Julceia Camillo, engenheira agrônoma e doutora em Produção Sustentável.
Pesquisas conduzidas pela Universidade Federal de Goiás indicam que a planta pode se tornar uma fonte importante de amido para a indústria alimentícia. “Essa planta pode abrir novas possibilidades para a produção de alimentos, contribuindo para a economia”, afirma a pesquisadora Juliana Aparecida Bento.
A colaboração entre o filme e a Agraer também resultou na criação de um espaço para o cultivo do algodãozinho em Campo Grande, onde testes de germinação estão em andamento. “O algodãozinho não precisa de muita água, o que pode ser uma vantagem significativa em tempos de escassez hídrica”, comenta Flávio de Oliveira Ferreira, engenheiro agrônomo da Agraer.
Combinando arte e inovação, Nunca Te Prometi Um Mar de Rosas demonstra como o Cinema pode ser uma ferramenta eficaz para promover soluções sustentáveis e fortalecer a união entre Cultura, Ciência e Agronegócio.
19 setembro, 2024
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