Você sabia? Maior frigorífico de jacaré do mundo é brasileiro e fica em MS

O Brasil abriga o maior frigorífico de carne de jacaré do mundo. A Caimasul destaca-se na crescente demanda por “bushmeat”, termo internacional utilizado para descrever o consumo de carne de animais selvagens por humanos.

A empresa impulsionou o estado do Mato Grosso do Sul ao patamar de referência mundial na produção de carne de jacaré. Com uma produção mensal de duas toneladas de carne desses animais, o frigorífico mantém cerca de 60 mil jacarés em cativeiro. O nome “Caimasul” deriva do Caiman Yacare, nome científico do Jacaré-do-Pantanal, bioma onde a empresa opera.

Carlos Murilo, gerente de produção da empresa, destacou ao Diário do Poder que a Caimasul é o único abatedouro frigorífico de jacarés com serviço de inspeção federal no Brasil.

“Para o abate dos jacarés, a empresa precisa da autorização dos órgãos ambientais (IBAMA e IMASUL), dos órgãos de Defesa Sanitária (IAGRO), da Vigilância Sanitária e do Serviço de Inspeção. Após selecionados para o abate, a documentação dos animais é emitida, e eles são encaminhados da criação ao frigorífico, onde são colocados em baias de recepção, com água potável à disposição, onde permanecem cerca de 24 horas em jejum hídrico”, afirmou.

Murilo ressaltou que toda a carcaça do jacaré é aproveitada, desde o couro para acessórios até as vísceras, utilizadas na produção de ração animal. Os ossos são empregados na confecção de esqueletos para esculturas e exposições de arte. Hambúrgueres, espetinhos, linguiças e até sushis são produzidos, proporcionando carne de jacaré de alta qualidade e atraindo mais consumidores interessados nessas iguarias.

O eficiente aproveitamento das partes do animal, com uma abordagem sustentável, confere um diferencial de valor aos produtos da empresa, que investe em técnicas de criação para preservar a fauna local.

A empresa exporta couro para vários países, como México e Colômbia. A carne tem uma grande procura no Brasil, especialmente nas regiões Sul e Sudeste.

Jacarés de cativeiro são alimentados com uma ração especial composta por miúdos bovinos, farinhas proteicas e um premix mineral. Carlos afirma que os animais selecionados para o abate não precisam ser necessariamente grandes; são escolhidos com base em tamanho, idade e características que proporcionem a melhor qualidade de carne e couro.

“A Caimasul, além de cumprir integralmente essas normas, busca através da pesquisa a melhoria contínua do seu processo e realiza a qualificação constante de seus colaboradores para que os animais não passem por nenhum tipo de dor, incômodo ou sofrimento desnecessário”, destacou.

A temporada de coleta de ovos gera aproximadamente 50 empregos diretos na empresa, além de empregos indiretos e parcerias com ribeirinhos. Todo ano, antes da coleta, a empresa realiza um levantamento detalhado dos jacarés no Pantanal, fornecendo dados ambientais e informações sobre os animais ao Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (IMASUL). A coleta é regulamentada pelo órgão ambiental, que determina a quantidade de ovos que podem ser coletados e as regiões autorizadas.

Durante a coleta, equipes registraram dados sobre os ninhos por meio de um aplicativo, garantindo uma fiscalização rigorosa do processo. A coleta de ovos ocorre nos meses de janeiro, fevereiro e março no Pantanal.