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Escola de Campo Grande celebra cultura terena com feira indígena cultural

No mês dos Povos Originários, Escola Municipal Sulivan Silvestre Oliveira destaca a importância da língua e da cultura terena no currículo

Por João Paulo Ferreira | 24 abril, 2024 - 17:05

Foto: Prefeitura de Campo Grande

No mês de abril, dedicado à celebração dos Povos Originários, a Escola Municipal Sulivan Silvestre Oliveira, situada na Aldeia Marçal de Souza, bairro Tiradentes, em Campo Grande, realiza a 25ª edição da Feira Indígena Cultural. Este evento é um espaço para os alunos apresentarem trabalhos desenvolvidos em sala de aula que refletem a cultura terena, desde desenhos e pinturas até artefatos como arcos e flechas.

A escola é reconhecida por ser a única da Rede Municipal de Ensino (REME) a integrar a língua terena ao currículo escolar. Atualmente, cerca de 30% dos 305 alunos matriculados são indígenas. Durante a feira, pais e avós tiveram a oportunidade de apreciar de perto os projetos dos alunos, que vão desde a produção de artesanato em argila até histórias ilustradas sobre a cultura terena.

Rosilene Catarina de Aquino, mãe do estudante Alessandro, expressa sua satisfação com a educação oferecida pela escola. “Ele fala alguma coisa em terena e é muito legal a gente ver que a escola mantém essa cultura, a educação aqui é de primeira,” diz Rosilene.

A importância de manter viva a cultura indígena também é ressaltada por Gisele Oliveira Souza, mãe de duas alunas. “Acho importante manter a cultura indígena. É interessante ter isso no currículo da escola, porque é a cultura que estão inserindo, o que é bom para elas aprenderem mais um tipo de cultura, de vivência,” relata Gisele.

A aluna Ana Beatriz Candelária Cunha, de 7 anos, teve aulas de argila – Foto: Prefeitura de Campo Grande

Os estudantes, por sua vez, têm mostrado grande entusiasmo com as atividades propostas. Ana Beatriz Candelária Cunha, de 7 anos, compartilha sua experiência com a argila: “Foi a primeira vez que peguei na argila, fiz os potinhos da cultura terena, foi muito legal.” Maisa Souza Mendes, de 8 anos, conta que desenvolveu uma história sobre a cultura terena: “A gente leu o livro e depois contamos com o nosso jeito e fizemos ilustrações”.

Os professores também estão engajados em enriquecer o aprendizado dos alunos com a cultura indígena. Elso Sobrinho, professor de língua terena, detalha: “Fizemos vários projetos, que todo ano a gente sempre tem um tema diferente. Este ano é sobre as diferentes literaturas nas linguagens indígenas, tanto como afrodescendentes indígenas. Com isso, fizemos a exposição dos trabalhos dos alunos, que eles mesmos resolveram na sala de aula”.

Ana Lílian Medeiros, outra professora da escola, destaca a integração da cultura indígena com outros conteúdos: “A gente conseguiu agregar também vários conteúdos na sala de aula, fomos agregando na Língua Portuguesa e trabalhando em miscigenação com os outros conteúdos indígenas. Então assim, é muito fantástico essa cultura que eles já trazem desde criança, desde o berço”.

A diretora da escola, Maria Elisa Vila Maior, enfatiza a luta da comunidade para valorizar a língua materna. “Desde então, esse projeto nasceu, paralelo ao histórico da nossa escola, e ele foi se desenvolvendo e evolvendo. Para chegar no formato que temos hoje como disciplina. Entendemos ser de grande relevância pedagógica trabalhar com as crianças, a importância da valorização, do reconhecimento de todas as culturas e de se trabalhar a questão da desconstrução de estereótipos. Então, isso que é tão importante anda em acordo com a nossa legislação, que visa preservar e prezar pelos direitos do exercício da cidadania de todos”.

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