Por João Paulo Ferreira | 12 setembro, 2024 - 8:22
Na última quinta-feira (5), o pescador Romário Godez, de Mato Grosso do Sul, capturou o maior pintado já registrado no Brasil. O peixe, que media 1,76 metros, foi fisgado no rio Dourados, em Fátima do Sul, e, após ser medido e registrado, foi devolvido ao rio. A captura foi filmada e compartilhada nas redes sociais, onde o feito rapidamente ganhou repercussão.
O início de uma pescaria inesquecível
O dia de pescaria começou sem grandes expectativas para Romário Godez e seu cliente, devido ao clima frio. Segundo o guia, as baixas temperaturas diminuem consideravelmente a atividade dos peixes, o que tornava a captura de grandes exemplares uma missão mais difícil. Mesmo assim, os dois seguiram em direção ao rio Dourados, confiantes na experiência e em busca de uma oportunidade para fisgar algo de relevância.
“Estava bem frio, um frio intenso, e sabíamos que seria difícil. Saímos cedo, mas nas primeiras horas o resultado não foi tão promissor. Após o almoço, decidi levar o cliente para um trecho do rio que conheço bem, onde sei que sempre tem grandes peixes”, relembra o pescador.
Ao chegar ao novo ponto, Godez começou a lançar iscas artificiais no rio, sem sucesso nas duas primeiras tentativas. Foi apenas no terceiro lançamento que o pescador sentiu o peso de um peixe de grandes proporções. O que se seguiu foi uma batalha de resistência, que durou cerca de 30 minutos.
“Na terceira vez que arremessei a isca, senti o peso do peixe. Naquele momento, eu sabia que tinha algo monstruoso na linha. Eu disse para o meu amigo: ‘É enorme!’ Estava acostumado com a briga, mas essa foi diferente. O peixe era muito forte e puxou o barco. Foi uma adrenalina sem igual”, relatou Godez.
A luta com o peixe gigante e a conquista do recorde
O pintado gigante não facilitou a vida do pescador. A batalha foi intensa e exigiu habilidade e paciência para garantir que o peixe não escapasse. Segundo Godez, a briga entre o homem e o peixe durou cerca de meia hora, tempo suficiente para deixar qualquer pescador à flor da pele. A força do animal era tão grande que ele chegou a arrastar o barco por um trecho considerável do rio.
“Quando o peixe é maior, a briga é maior. E a adrenalina vai às alturas. Eu orava para Deus proteger o peixe, porque tudo o que eu queria era tirar uma foto com aquela nave. Fisguei o pintado, liguei o motor do barco e comecei a cercar o peixe, entendendo o espaço e a movimentação dele”, descreveu o pescador.
Depois de muito esforço, Godez conseguiu conduzir o pintado até a margem do rio para fazer o registro do feito. Foram tiradas fotos e realizada a medição oficial, garantindo que tudo estivesse dentro dos padrões exigidos para a homologação do recorde. O peixe media 1,76 metros da cabeça à cauda, mas, para a homologação oficial, a medição válida considera apenas até o fim das vértebras, desconsiderando a parte das nadadeiras do rabo. Com isso, o tamanho oficial do peixe foi de 1,60 metros, superando o recorde anterior por 7 centímetros.
“Foi incrível! Naquele momento, a adrenalina estava a mil. É difícil descrever o que sentimos quando fisgamos um peixe assim. Cada captura é uma experiência nova, e o que vivemos naquele dia foi algo especial. Depois da medição, celebrei, tirei fotos e até dei um beijo no peixe, como agradecimento. Logo em seguida, ele foi solto e voltou para o rio. Essa é a parte mais importante: a preservação”, relatou emocionado.
Pesca esportiva, paixão e preservação da natureza
Romário Godez começou sua carreira na pesca esportiva em 2020, transformando um hobby em profissão. Desde então, ele se especializou em guiar turistas e pescadores de todo o Brasil pelos rios do Mato Grosso do Sul, em busca dos gigantes das águas. “Era apenas um hobby, mas virou profissão. Hoje, é uma paixão inexplicável. Cada pescaria é diferente, e cada dia oferece uma experiência única”, afirmou o pescador.
A pesca esportiva tem ganhado cada vez mais adeptos no Brasil, sendo o pesque e solte uma prática central nesse esporte. Para Godez, soltar o peixe após a captura é um dos pilares da pesca responsável, garantindo a preservação das espécies e a continuidade da prática. “Cada peixe que eu solto me traz outro no futuro. É uma bênção. Eu sempre incentivo as pessoas a fazerem o mesmo, porque quem preserva, ganha mais. Antes de cada pescaria, faço uma oração pedindo que tudo corra bem e que eu possa devolver o que a natureza me dá”, comentou.
Para homologar um recorde de pesca, como o obtido por Godez, o pescador precisa seguir uma série de regras estabelecidas pela BGFA. A medição deve ser feita com uma régua especial em uma superfície plana, e o peixe deve estar vivo. Além disso, todo o processo, desde a captura até a soltura, deve ser filmado para comprovação. A homologação do recorde pode levar até 20 dias para ser oficializada pela associação, que anuncia os novos recordes em suas redes sociais.
O pintado fisgado por Godez foi analisado pela BGFA e recebeu aprovação preliminar, faltando apenas a divulgação oficial do recorde, que deve ocorrer nas próximas semanas.
A ascensão da pesca esportiva no Brasil
A pesca esportiva no Brasil vem crescendo rapidamente nos últimos anos, especialmente em estados como Mato Grosso do Sul, que possui rios ricos em grandes peixes, como o pintado, o dourado e o pacu. Esse segmento movimenta o turismo local e atrai pescadores de todo o país e do exterior, interessados em viver a emoção de fisgar grandes exemplares.
Romário Godez é um dos exemplos de como a pesca esportiva pode se tornar uma carreira de sucesso. Ele iniciou na atividade apenas por diversão, mas, ao longo dos anos, transformou-se em um dos guias mais respeitados da região, sempre defendendo a importância da preservação dos rios e de suas espécies.
“O que me motiva é a paixão pelos rios e pelos peixes. A pesca esportiva é mais do que uma profissão para mim, é uma forma de vida. Cada dia na água é um aprendizado, e cada peixe capturado é uma vitória”, finalizou Godez.
21 novembro, 2024
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