Por João Paulo Ferreira | 3 março, 2023 - 15:54
A cerimônia de premiação ocorreu na noite da última terça-feira (28.02) em Belo Horizonte (MG). Na quinta (02.03), o Polo Socioambiental Sesc Pantanal, que representou a iniciativa no evento por meio de sua gerente-geral, Cristina Cuiabália, fez a entrega dos certificados de reconhecimento para as viveiristas do Aquarela. O encontro foi realizado na comunidade do Capão do Angico e contou com a presença de representantes das associações comunitárias envolvidas na iniciativa.
“Fomos escolhidos entre 117 projetos de todo o país e a única iniciativa do bioma Pantanal premiada. Um reconhecimento dessa importância no cenário nacional é muito representativo e simbólico pois, das cinzas dos grandes incêndios de 2020, vimos nascer uma rede de proteção ao Pantanal formada por diversos atores, com muita resiliência, força e união. É um projeto colaborativo, que envolve muitas mãos e corações e estamos muito orgulhosos e gratos pelo reconhecimento”, comentou Cristina Cuiabália.
Segundo a diretora executiva da Wetlands International Brasil e diretora técnico-científica da Mupan, Rafaela Nicola, o prêmio é um indicador de que o trabalho está no caminho certo para compreender cada vez mais a dinâmica das áreas úmidas e quais estratégias são melhores para promover a conservação. “Esse trabalho só é possível porque mulheres de duas comunidades tradicionais abraçaram a iniciativa com a gente. A Aquarela Pantanal tem essa característica do protagonismo feminino porque as mulheres estão à frente dos viveiros, pesquisa, gestão, execução e planejamento das atividades como um todo”, completou.
Sopro de esperança – O objetivo do Aquarela Pantanal é produzir mudas nativas do bioma para recuperar áreas atingidas pelo fogo dentro da Reserva Particular de Patrimônio Natural – RPPN Sesc Pantanal, a maior RPPN do país, ao mesmo tempo em que gera renda e desenvolvimento comunitário. Por meio do projeto, foram construídos dois viveiros para produção de mudas nativas dentro das comunidades, que recebem suporte técnico e capacitações, além de uma bolsa para desenvolver o trabalho de viveiristas. Dessa forma, o projeto contempla os três pilares da sustentabilidade: o social, o ambiental e o econômico.
Atualmente, 10 famílias participam diretamente das atividades do projeto. No entanto, Natalice da Costa, viveirista da comunidade de Capão do Angico (MT), destaca que a comunidade inteira é beneficiada pelas ações. “A Aquarela Pantanal é um sopro de esperança, não só para os animais e as plantas, que tanto sofreram com o fogo, mas também nos traz uma nova força enquanto pessoas, principalmente nós mulheres. Por causa do projeto, a gente voltou a se movimentar e trabalhar unidas. Isso ajudou a nossa comunidade a enxergar o potencial que tem e o que podemos fazer quando se une”.
Para Miriam Amorim, viveirista de São Pedro de Joselândia, o projeto foi um divisor de águas em sua vida. “A gente vem fazendo um trabalho tão bonito de recuperação e de conservação do nosso Pantanal e eu me sinto muito honrada e feliz de fazer parte. É um orgulho receber esse reconhecimento com o prêmio e isso nos estimula e incentiva a continuar. O projeto mudou minha vida e da minha comunidade. Hoje, temos mais consciência que fazemos parte do meio ambiente e que cuidando dele, todo mundo se beneficia. Espero que o projeto cresça e envolva cada vez mais pessoas”, afirmou a viveirista.
Aquarela Pantanal – O projeto “Recuperação de Florestas Ribeirinhas Pantaneiras: beneficiando água, solo, peixes e populações do entorno da RPPN Sesc Pantanal”, também chamado de Iniciativa “Aquarela Pantanal”, é um trabalho construído no coletivo, que envolve a Mupan – Mulheres em Ação no Pantanal, a Wetlands International Brasil, o Polo Socioambiental Sesc Pantanal – uma iniciativa do Sistema CNC-Sesc-Senac, o Centro de Pesquisa do Pantanal (CPP), e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Áreas Úmidas (INAU/UFMT).
A Aquarela Pantanal é financiada pelo: 1) Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) por meio do Projeto Estratégias de Conservação, Recuperação e Manejo para a Biodiversidade da Caatinga, Pampa e Pantanal (GEF Terrestre), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), com as agências Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) como implementador e o Fundo Brasileiro de Biodiversidade (FUNBIO) como executor; 2) DoB Ecology via Programa Corredor Azul da Wetlands International.
Programa Corredor Azul – Criado pela Wetlands International para ser desenvolvido no intervalo de 10 anos, 2017-2027, o Programa Corredor Azul (PCA) tem o objetivo de proteger a biodiversidade e garantir a conectividade de pessoas, natureza e economias em um território transfronteiriço, que abrange três grandes áreas úmidas do Sistema Paraná-Paraguai, são elas: Pantanal, os Esteros de Iberá e o Delta do Paraná.
Estendendo por 3.400 km desde o Pantanal brasileiro, envolve também Bolívia e Paraguai até desembocar no Delta do Paraná, na Argentina, formando o Sistema Paraná-Paraguai (Corredor Azul), um dos últimos exemplos do mundo de um grande sistema de rios de fluxo livre e contínuo. Já o nome do programa é uma alusão ao grande volume de água que circula dentro dessas importantes áreas úmidas da América do Sul.
25 novembro, 2024
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