A partir desta sexta-feira (24), a tarifa do transporte coletivo de Campo Grande passou a custar R$ 4,95. O aumento, de 4,21%, foi decidido pela Prefeitura e pela Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos (Agereg) após uma determinação judicial movida pelo Consórcio Guaicurus. A medida, porém, não tem agradado a população, que segue enfrentando problemas graves no serviço, como frota sucateada, superlotação e falta de acessibilidade.
De acordo com o diretor-presidente da Agereg, José Mário Antunes, o reajuste foi necessário para atender a cláusulas contratuais e decisões judiciais, mas a Agência promete exigir contrapartidas do consórcio. “Precisamos cobrar o cumprimento de metas. Eles deveriam ter entregue 97 novos veículos no ano passado e outros 98 neste ano. Isso não aconteceu, e vamos fiscalizar”, afirmou. Mesmo com o aumento, a gratuidade para estudantes, idosos e pessoas com deficiência será mantida, e em algumas datas comemorativas, a tarifa será reduzida para R$ 2,00.
O aumento na tarifa ocorre em um contexto de insatisfação generalizada dos usuários. Relatos de problemas nos ônibus, como elevadores de acessibilidade quebrados, superlotação em horários de pico e veículos em condições precárias, são frequentes. Em janeiro de 2024, um passageiro não conseguiu desembarcar devido a um elevador com defeito, e goteiras em um dos veículos chegaram a viralizar nas redes sociais.
Além disso, perícias revelam que o Consórcio Guaicurus descumpre o contrato de concessão desde 2015, quando a idade média da frota ultrapassou o limite de cinco anos. Enquanto isso, o número de ônibus em circulação tem diminuído, agravando os problemas para a população.
Entre 2012 e 2019, o Consórcio Guaicurus registrou uma receita de R$ 1,27 bilhão, segundo auditorias da Prefeitura. Apesar do faturamento bilionário, os investimentos na melhoria do transporte público são insuficientes. Usuários convivem diariamente com ônibus lotados e em condições precárias, enquanto reclamações sobre a qualidade do serviço se acumulam.
Nos últimos dez anos, a criação de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) para investigar o consórcio foi proposta sete vezes na Câmara Municipal, mas nenhuma foi adiante. Isso alimenta críticas sobre a fiscalização e a transparência em torno do contrato com o Consórcio.
Com o reajuste em vigor, a população espera que as promessas de melhorias sejam cumpridas. No entanto, o histórico de descumprimento de metas e a precariedade do serviço deixam os usuários céticos.