O músico Phillipe Eugênio Calazans de Sales, de 38 anos, que espancou sua namorada, uma jornalista de 37 anos, enquanto ela segurava a filha do casal, de apenas 8 meses, no colo, voltou a ser preso nesta segunda-feira (17) em Campo Grande.
A agressão ocorreu no dia 3 de março, quando o casal retornava de um almoço na casa de amigos. Ao chegarem à casa da jornalista, sem qualquer discussão, Phillipe a golpeou no rosto e continuou as agressões, ignorando que ela segurava a filha nos braços. A vítima sofreu fratura no nariz e cortes profundos no rosto, precisando de atendimento médico.
Após ser preso em flagrante, Phillipe conseguiu a liberdade provisória no dia 11 de março, com uso de tornozeleira eletrônica. A decisão gerou revolta, já que mesmo com a gravidade do caso, ele recebeu o direito de visitar a filha. A vítima relatou viver com medo, afirmando que “ele está solto e eu é que estou presa”.
Agora, após novas provas e depoimentos da vítima, a Justiça revogou a decisão de soltura e determinou a prisão preventiva do agressor por tempo indeterminado. Ele se apresentou na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) e deverá ser transferido para o presídio nos próximos dias.
Na última quinta-feira (13), a jornalista prestou um novo depoimento, trazendo mais detalhes do relacionamento abusivo que durou quatro anos. Ela apresentou laudos psicológicos e evidências de agressões verbais e morais, desmontando a tese de que a violência ocorrida em março teria sido um "caso isolado".
Diante das novas informações, a 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) reconsiderou a decisão anterior e expediu mandado de prisão preventiva, ou seja, Phillipe ficará preso por tempo indeterminado até o julgamento do caso.
O advogado da vítima, Luiz Kevin Barbosa, afirmou que a estratégia da acusação foi demonstrar que o agressor sempre representou perigo para a vítima, não apenas no episódio da agressão.
"Com as novas provas e depoimentos, ficou claro que essa violência não foi um caso isolado. Phillipe tem um histórico de agressão psicológica e manipulação emocional. A Justiça, agora, reconheceu a necessidade de mantê-lo preso”, explicou Barbosa.
Já o novo advogado de Phillipe, Luiz Renê Amaral, afirmou que ainda não teve acesso ao processo e que só irá se manifestar quando analisar os detalhes da decisão judicial.
Desde que a agressão se tornou pública, a jornalista relatou viver com medo constante. Quando Phillipe foi solto no dia 11, ela afirmou que se sentia "presa dentro de casa", pois a medida protetiva de 200 metros de distância era insuficiente para garantir sua segurança.
Agora, mesmo com a nova prisão do agressor, a vítima segue apreensiva.
"Ele está preso agora, mas e depois? Quem me garante que ele não vai sair e tentar se vingar? Eu só quero segurança para mim e para minha filha”, desabafou.
Na próxima quinta-feira (21), o Tribunal de Justiça deve julgar um novo habeas corpus apresentado pela defesa de Phillipe. Caso o pedido seja negado, ele poderá permanecer preso até o julgamento definitivo do caso.
O Ministério Público também pode denunciar o agressor por lesão corporal grave e descumprimento da Lei Maria da Penha, o que pode resultar em pena mais severa.
Mulheres vítimas de violência doméstica podem procurar ajuda na Casa da Mulher Brasileira, localizada na Rua Brasília, s/n, Jardim Imá, em Campo Grande. O atendimento funciona 24 horas por dia, inclusive nos finais de semana.
Denúncias podem ser feitas pelos telefones:
153 (Guarda Municipal)
190 (Polícia Militar)
180 (Central de Atendimento à Mulher)