Rodando 40 mil km em 70 dias, campo-grandense realiza sonho de ir ao Alaska de moto após quatro décadas

Foto Arquivo

Sabe aquelas histórias que dá um gás na alma? A aventura do campo-grandense de coração, o polícial aposetado, Albensio Campos da Silva, é uma delas. Aos 58 anos, ele fez das estradas sua maior aventura e passou 70 dias em viagem de moto que o levou até Prudhoe Bay, no Alaska, ponto do planeta cobiçado pelos viajantes. Ao OSM Entrevista, ele conta que a influência de viagens vem de família.

“Minha infância foi normal, de família humilde”, compartilha Albensio. Com um pai que frequentemente se ausentava devido a viagens a trabalho, o ato de explorar novos lugares e estradas estava sempre presente em sua vida desde cedo. As viagens, mesmo que inicialmente motivadas por obrigações profissionais, se tornaram oportunidades para ele descobrir o mundo além das fronteiras familiares. “Meu pai viajava muito, a trabalho e conosco nas férias”, relembra. Essas escapadas em família ofereciam uma chance única de criar memórias especiais e fortalecer laços enquanto exploravam novos destinos. O entusiasmo pelo desconhecido começou a crescer, semeando a semente da paixão por viagens.

Uma influência adicional veio de uma prima que hoje reside em Ji-Paraná. “Ela fez com que eu tomasse gosto em viajar”, revela o policial aposentado. A conexão entre mentora e aprendiz provocou um interesse mais profundo e uma curiosidade insaciável sobre diferentes culturas, paisagens e modos de vida. Mas tudo  começou embalo dos anos 80 após ler uma reportagem sobre a épica Rota Panamericana.

“Eu li sobre a Rota Pan-americana até o Alaska e aquilo acendeu um fogo na minha veia aventureira. Pode soar maluco, mas naquele instante algo me disse que eu tinha que encarar esse desafio”, ele conta ao OSM Entrevista.

Em 2018, ele deu o seu primeiro passo rumo ao Alaska. “Na Costa Rica encontrei e me juntei com outros brasileiros no caminho, e ao chegar na Nicarágua, não foi permitida a entrada, alegando falta de segurança, tivemos que voltar para o Panamá, deixamos as motos em um container para Honduras e não conseguimos chegar no Alaska”, contou ao OSM. E agora, em 2023, ele finalmente conseguiu fechar o cicli echegar em Prudhoe Bay, o ápice da Rota”, revela Albensio, com o brilho da realização nos olhos.

O coronel enfrentou a estrada na companhia só da sua moto. Uma aventura que só dá pra entender estando lá, na pista. “É o tipo de parada que só vive quem tá lá. Muitos momentos incríveis, mas também muitos desafios. A solidariedade e o camaradagem falam alto, apesar das vezes que a solidão bate”, ele confidencia, com um sorriso que entrega que cada curva foi um aprendizado.\

Veja o vídeo o policial aposentado enviou a equipe de reportagem do OSM, lá do Alaska:

Saindo de Campo Grande dia 15 de maio e chegando no Alaska dia 20 de junho, ele riscou mais de 40 mil km de estrada, cruzando culturas e fronteiras. Albensio aproveitou o verão do estado, com o sol da meia-noite, nesta estação a luz do “dia” é 24h. O militar aposentado conta que dormiu em barracas, gastou com hotéis, se alimentando e com combustível da motocicleta. Na viagem Albensio passou por Corumbá, Peru, Equador, Colômbia, Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Honduras, Guatemala, México, Estados Unidos e Canadá.

E tem que ter disposição, encarar estradas que parecem não ter fim, pegar de frente desafios da natureza, é botar corpo e mente na linha. “Não é moleza, por mais que pareça tranquilo, sempre tem pepino pra resolver. Mas a parada é encarar, botar na conta e seguir em frente. Difícil, mas tá longe de ser impossível”, avisa Albensio, com a sabedoria de quem trilhou um caminho cheio de superações.

Teve um cachorro atrapalhando a passagem na Nicarágua, quase capotou a moto. E imagina só estar na Cordilheira entre Chile e Argentina com a temperatura marcando -15°C? “Só passando por uma parada dessas pra entender o limite do nosso corpo”, ele comenta  ao OSM.

Depois de voltar pra casa em Campo Grande, o Albensio já tá mirando novos desafios. Ele quer meter as caras nas dunas da Praia do Cassino, lá no Rio Grande do Sul, e encarar a famosa Rota Bioceânica, cruzando o Paraguai, Argentina e Chile, até a mítica Ushuaia, no extremo sul da América. “Turista sofre, mas se diverte”, ele brinca, revelando que as aventuras não param.

“São dois pontos no planeta cobiçados pelos motociclistas, Ushuaia e Prudhoe Bay no Alaska, por serem os extremos”, comentou Albensio que já concluiu um dos destinos mais almejados.

Da terra do pantanal até o Alaska, o coronel Albensio não só encarou a estrada, mas virou exemplo de que sonhos podem ser conquistados. O Alaska continua lá, congelado e pronto pra mais histórias de gente que não tem medo de seguir seus sonhos. Quem aí topa encarar o desafio?

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