Direita credita a Bolsonaro influência em negociações para repatriar brasileiros de Gaza

A narrativa em torno do resgate de 34 brasileiros retidos em Gaza tornou-se um terreno de disputa política. A oposição aplaude o ex-presidente Jair Bolsonaro pelo progresso nas negociações, enquanto o Ministério das Relações Exteriores, atualmente sob comando do chanceler Mauro Vieira, descarta qualquer influência direta de Bolsonaro no processo diplomático.

Os brasileiros em questão estão presos no conflito fronteiriço entre Gaza e o Egito e, apesar de terem recebido autorização de repatriação, encontram-se sem previsão para o regresso. O chanceler brasileiro, em entrevista à GloboNews, enfatizou que as negociações seguem protocolos oficiais e negou envolvimento do ex-presidente, salientando a comunicação direta com o ministro das Relações Exteriores de Israel, não com intermediários.

Por sua vez, Bolsonaro sustenta seu papel ativo na questão. Em um evento da Embaixada de Israel, o ex-presidente se apresentou como intermediário junto ao governo israelense, alegando ter conversado com Yossi Shelley, assessor do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Esta ação gerou desconforto no Itamaraty e no Palácio do Planalto, levando a embaixada de Israel a emitir uma nota esclarecendo que Bolsonaro não fora um convidado oficial.

O ex-presidente reforçou suas declarações em entrevista à CNN, insistindo que havia solicitado ajuda israelense para a situação dos brasileiros em Gaza. Apoiadores de Bolsonaro, como Mario Frias e Carla Zambelli, expressaram publicamente seu agradecimento ao ex-presidente por suas supostas gestões diplomáticas, embora Zambelli tenha posteriormente removido sua publicação relacionada.

O governo federal, por meio da primeira-dama Janja da Silva, pareceu responder indiretamente às afirmações de Bolsonaro, compartilhando informações sobre a diplomacia brasileira que trabalha, sob orientação do presidente Lula, pela liberação dos cidadãos em Gaza.

A situação atual dos brasileiros é complicada pelo fechamento da Passagem de Rafah, causado por um incidente ainda não esclarecido envolvendo ambulâncias, o que levou a uma indefinição quanto à data de saída do grupo do território. Informações adicionais sobre o incidente mencionam o uso de ambulâncias pelo Hamas, que estaria realocando seus membros, segundo autoridades israelenses.

Enquanto o impasse continua, a diplomacia brasileira mantém esforços conjuntos com os governos de Israel, Egito e da Autoridade Nacional Palestina, refletindo a complexidade e a sensibilidade do cenário internacional em que esta situação está inserida.