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Pesquisa inédita aponta que expansão de eucalipto pode ajudar MS a alcançar a meta de carbono neutro até 2030

Estudo financiado pelo governo do Estado revela que o plantio de eucalipto pode ser um aliado crucial na redução das emissões de CO2 em Mato Grosso do Sul

Por Redação | 6 setembro, 2023 - 15:33

Foto: Álvaro Resende

Um estudo inédito coordenado pelo engenheiro agrônomo e professor doutor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Paulo Eduardo Teodoro, sugere que o cultivo de eucalipto pode desempenhar um papel fundamental na jornada de Mato Grosso do Sul em direção à neutralidade de carbono até 2030. Os resultados preliminares da pesquisa indicam que o solo em áreas de plantio de eucalipto emite menos dióxido de carbono (CO2) em comparação com outros usos e ocupações avaliados.

A pesquisa, que faz parte da Chamada Carbono Neutro, financiada pelo Governo do Estado por meio da Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul), está mapeando o fluxo de carbono em três biomas do estado: Pantanal, Mata Atlântica e Cerrado. Em cada um desses biomas, a pesquisa avalia quatro diferentes usos e ocupações do solo: vegetação nativa, pastagem, cultivo de soja e eucalipto. O objetivo é identificar quais atuam como fontes e/ou sumidouros de emissões de carbono e, com base nos dados obtidos, criar um modelo matemático preciso para uso via satélites.

A pesquisa, que recebeu quase R$ 1 milhão em financiamento, é pioneira no país e faz parte de uma iniciativa que contemplou 19 projetos, todos voltados para o desenvolvimento de tecnologias visando uma economia de baixo carbono no estado.

Segundo Paulo Eduardo Teodoro, a pesquisa é de extrema importância porque o solo é considerado o maior reservatório de carbono, mas seu papel varia de acordo com fatores como a cobertura vegetal e as práticas de manejo. “Os estoques de carbono no solo são indicadores-chave em termos de mudança climática, por isso é importante termos estudos científicos que investiguem o fluxo de CO2 em cada um dos nossos biomas e nas principais culturas econômicas do nosso Estado”, destaca o pesquisador.

A pesquisa revelou que o eucalipto, independente do bioma, é a cultura que menos emite CO2, até mesmo quando comparada com a vegetação nativa, enquanto a pastagem é a que mais emite. Os dados de estoque de carbono ainda estão sendo processados para calcular o balanço final, mas a pesquisa já aponta caminhos para o estado minimizar as emissões de carbono, buscando um equilíbrio entre suas principais atividades econômicas.

A coleta de amostras de solo nos três biomas foi concluída, e as análises em laboratório estão em fase final. O próximo passo será a criação de um modelo matemático e sensoriamento remoto para medições em larga escala e com baixo custo, o que tornará o monitoramento das emissões de CO2 mais acessível.

O projeto foi destaque na 78ª Semana Oficial de Engenharia e Agronomia, que ocorreu em Gramado (RS) no início de agosto, com foco nas mudanças climáticas. A pesquisa foi selecionada em primeiro lugar entre os 24 trabalhos participantes do Contecc, o Congresso Técnico que faz parte do evento e que abre espaço para a apresentação de trabalhos científicos.

Paulo Eduardo Teodoro enfatiza a importância do investimento do governo do Estado na pesquisa e sua contribuição para a solução dos problemas da sociedade. “Ciência e política devem caminhar juntas para solucionar os problemas da sociedade. A Fundect fez a primeira Chamada Carbono Neutro do país e hoje é exemplo para outras fundações de apoio, por isso sinto orgulho enquanto sul-mato-grossense, de Aquidauana, enquanto cientista, poder estar em um Estado que valoriza a pesquisa”.

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