Por João Paulo Ferreira | 3 setembro, 2024 - 14:29
O Festival de Inverno de Bonito (FIB) deste ano foi marcado por uma iniciativa de sustentabilidade que demonstrou o poder da reciclagem e da economia circular. Durante a 23ª edição do evento, realizada de 21 a 25 de agosto, foi preservada uma quantidade significativa de água: 5,7 milhões de litros, graças à reciclagem de óleo de cozinha usado, que foi transformado em sabão.
A transformação do óleo de cozinha em sabão aconteceu em um estande montado na Praça da Liberdade, o coração do festival. A ação contou com a colaboração da empresa Du Bem, que organizou o processo de coleta e produção do sabão. A fundadora da empresa, Ana Franzoloso, destacou a importância da iniciativa: “Pegamos o óleo das barracas de lanches e, com ele, fizemos sabão sustentável. A própria comunidade veio pegar o sabão que fizemos. Isso é muito importante, porque estamos falando de economia circular em que o óleo descartado é transformado em um novo produto, como o sabão, que é distribuído novamente para as barracas e à comunidade.”
Além de contribuir para a preservação ambiental, a iniciativa gerou novas oportunidades de renda para os moradores de Bonito. Oficinas foram realizadas para ensinar a produção de sabão a partir do óleo reciclado, capacitando pessoas como Antônia Alves, de 53 anos, que comentou: “Passei pela praça e vi o estande. Fui lendo os cartazes e assim que vi o baldão de sabão que tinha acabado de ser feito, me interessei a aprender”. Antônia ainda afirmou: “Além de aprender a fazer sabão, que é uma habilidade valiosa, sinto que agora posso contribuir de forma significativa para ajudar outras pessoas a fazerem o mesmo em suas casas”.
Eva Aivi, de 59 anos, também se envolveu na iniciativa após encontrar vários litros de óleo no aterro sanitário da cidade. “Foi uma chance única de aprender e ajudar as pessoas. Vou usar o que aprendi para transformar o óleo e oferecer uma alternativa acessível a todos”, disse Eva, que planeja fazer sabão para vender em sua loja e também distribuir para quem não pode comprar.
O impacto da reciclagem também se refletiu na coleta de materiais recicláveis durante o festival. Foram recolhidas 1,2 toneladas de recicláveis, um aumento de quase 29% em relação ao ano anterior. O trabalho de catadores como Francisca Santos, de 72 anos, foi fundamental nesse processo. “Com a reciclagem, consegui melhorar minha vida. Reformei minha casa e vivo com mais dignidade”, contou Francisca, que participa do Festival de Inverno há cinco anos.
Já Ana Rosa, mineira de Porteirinha (MG), está em Bonito há muitos anos e vê na coleta de latinhas uma atividade que a mantém ativa e que complementa sua aposentadoria. “Catar latinhas me ajuda bastante. O dinheiro que ganho com elas cobre alguns custos, e como as coisas estão caras, faz diferença”, explicou Ana, que há mais de vinte anos atua como catadora. Mesmo com o frio das noites do festival, ela não deixou de comparecer. “Eu gosto de vir, encontro pessoas boas, converso e faço amizades. Isso me deixa feliz”, relatou.
Além de catadoras como Francisca e Ana, há também outros agentes importantes no processo de reciclagem durante o Festival, como Ronaldo Barrios, de 53 anos. Ele é responsável pela mobilização dos catadores locais, desempenhando papel crucial na organização da coleta durante o evento. “Eu converso com os catadores e faço a mobilização. Quando a Ana [Franzoloso] chega, visitamos os catadores, e eles participam da coleta,” explicou Ronaldo, que mantém contato com mais de 20 catadores ao longo do ano.
Ronaldo, que também trabalha como jardineiro, se envolveu com a reciclagem no festival no ano anterior e, desde então, colabora com a Du Bem. “É uma forma de ajudar a galera a ganhar um trocado a mais e, ao mesmo tempo, preservar o meio ambiente,” afirmou ele, destacando o orgulho que sente ao contribuir para a conservação do paraíso natural que é Bonito, sua terra natal.
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