Por Viviane Freitas | 17 fevereiro, 2022 - 13:12
O trompetista é Yeinson Delgado, de 44 anos. Advogado e professor, deixou tudo para trás ao sair da Venezuela em 2015. De lá pra cá, Yeinson é “apenas” um artista de rua que encontra em sua arte uma forma de levar vida e também ganhar a vida.
“Uma população sem arte, sem artista de rua, é uma população morta”, comenta o professor, que contrasta o som da sua trompete com o o vaivém de carros na esquina das ruas Antônio Maria Coelho e Bahia, região central de Campo Grande.
Yeinson carrega consigo a música desde 2014, quando saiu da Venezuela pela primeira vez, por um breve período. A saída definitiva veio no ano seguinte. “Eu como venezuelano estou procurando um jeito de ter uma vida melhor com música de rua, sendo arista de rua honradamente. Também faço malabares”, conta.
Há uma semana ele chegou a Campo Grande, veio descendo o Brasil desde o Acre, o que explica o número de celular brasileiro começar com o código 68, e ele deve partir em breve para Dourados e depois Ponta Porã.
“Aqui eu estou de passagem. Quando um pessoal trabalha como arte de rua não pode ficar num lugar só”, explica. Do Brasil, ele só tem elogios dizendo que é um país muito acolhedor. Já Campo Grande, segundo ele, precisa criar mais consciência sobre a arte de rua.
Do trompete sai canções aprendidas ainda na infância, da ditadura de Marcos Pérez Jiménez, tenente coronel que chegou a general e protagonizou golpes de Estado na década de 1940 e 1950. Presidente do país desde 1950, Marcos Pérez Jiménez foi derrubado em 1958, quando iniciou o processo democrático da Venezuela.
Isso é fruto de uma mera googlada jornalística. Nas palavras do trompetista, a versão é carregada de nostalgia. “É música do tempo da ditadura de Marcos Pérez Jiménez, um presidente da Venezuela ditador a favor da população, não como Maduro que agora é contra a população, que não tem comida, não tem trabalho”.
Confira o vídeo:
9 maio, 2024
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