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Reforma Tributária: O novo código-fonte da tecnologia no Brasil

Estamos atualizando o sistema... e o impacto vai direto para o core da sua stack

César Augusto Sanches
Por: César Augusto Sanches
04/06/2025 às 11h52
Reforma Tributária: O novo código-fonte da tecnologia no Brasil

A tão falada reforma tributária finalmente foi aprovada. Mas, se você trabalha com tecnologia — seja desenvolvendo soluções SaaS, rodando uma startup, gerenciando um e-commerce ou integrando ERPs — o que isso muda na prática? Spoiler: muita coisa.

Abaixo, vamos explorar os principais impactos dessa nova “versão” do sistema tributário brasileiro, olhando sob a lente de quem vive a realidade tech.

CBS e IBS: Mudam os nomes, muda a lógica

A substituição de PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS por dois novos tributos — a CBS (federal) e o IBS (estadual/municipal) — traz uma promessa de não cumulatividade plena. Ou seja, sua empresa poderá se creditar de impostos sobre insumos diretamente ligados à atividade-fim.

O detalhe importante: mão de obra, que é o coração das empresas de tecnologia, não gera crédito. Isso pode significar aumento real de custos para times majoritariamente formados por devs, analistas, squads de produto e afins. O efeito colateral? Margens mais apertadas e confesso que isto tem tirado meu sono como Gestor.

Tributação no destino: Prepare o seu sistema para geolocalização fiscal

A nova lógica da tributação no destino significa que o imposto será calculado com base na localização do cliente, e não mais da sede da empresa.

Na prática: se você oferece um serviço em nuvem para clientes em vários estados (ou até fora do Brasil), seu sistema terá que entender onde está o tomador do serviço e aplicar a alíquota do IBS correta. Ou seja, mais uma layer de complexidade que exige inteligência tributária integrada ao seu stack de vendas, billing e ERP.

Startups e profissionais PJ no modo alerta

Para quem atua como PJ no setor tech (desenvolvedores, product managers, UX designers etc.), a alíquota padrão estimada em 26,5% pode representar um baque.

Muitos modelos de negócio que hoje se mantêm competitivos por meio de prestação de serviços especializados via PJ precisarão ser revistos. O risco de perda de eficiência tributária é real, especialmente para startups e fintechs com estruturas mais enxutas.

Onde há caos, há oportunidade (para quem souber codar soluções)

É verdade: o novo sistema vai exigir ajustes, mas também abre portas. A simplificação do modelo atual traz espaço para inovação em automação fiscal, soluções de compliance, APIs tributárias inteligentes e novos produtos que ajudem empresas a navegar esse cenário.

Empresas que já trabalham com RPA, IA aplicada ao compliance, ERPs com foco tributário e gestão financeira inteligente devem sair na frente.

Tecnologia é parte da engrenagem — e do remédio

A implementação da reforma será digital. Desde a emissão de notas até a geração de relatórios fiscais, tudo precisará ser reconfigurado. Sistemas legados terão que ser atualizados, ERPs integrados, e a observabilidade fiscal vai se tornar um diferencial competitivo.

Além disso, a digitalização dos tributos também pode favorecer a transparência e facilitar o monitoramento em tempo real, tanto para o setor privado quanto para os fiscos estaduais e federal.

Conclusão: Não é só sobre imposto — é sobre evolução de sistema

A reforma tributária não é apenas uma mudança fiscal; é uma reescrita do core do sistema nacional de arrecadação. Para o setor de tecnologia, isso exige mais do que adaptação: exige estratégia, visão sistêmica e atualização de mindset.

Como qualquer grande update, esse vai quebrar algumas integrações, forçar refatorações... mas também abrir novas possibilidades. Quem se mover rápido — com dados, planejamento e tecnologia — terá vantagem competitiva real nesse novo jogo.

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Como sempre destacamos, as opiniões expressas pelos colunistas não representam, necessariamente, a opinião do jornal O Sul-mato-grossense. Este é um espaço aberto ao debate, respeitados os limites da legalidade e do respeito.

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Uma coluna sobre inovação, governo digital, IA, dados e tudo que tá bugando — ou evoluindo — o ecossistema tech sul-mato-grossense. Do Pantanal pro mundo, com código, opinião e aquele toque de tereré. Quem escreve, Cesar Augusto Sanches é entusiasta de tecnologia, gestor na área de soluções para governo e apaixonado por inovação que gera impacto real. Acredita que tecnologia bem aplicada transforma estruturas, processos — e agora, até o sistema tributário brasileiro.

Neste espaço, compartilha análises e reflexões sobre os impactos da tecnologia no setor público e privado, traduzindo temas complexos em estratégias aplicáveis no dia a dia das organizações.
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