Fale Conosco Entre em Nosso Grupo Fale com a Redação Entre advogar e rimar, SouIra escolheu expressar conhecimento com Rap e hoje é destaque nacional - Jornal OSM - O sul-mato-grossense
Destaques
OSM Entrevista

Entre advogar e rimar, SouIra escolheu expressar conhecimento com Rap e hoje é destaque nacional

A Douradense é rapper, feminista, cantora, compositora, bacharel em direito, dona de uma marca de roupas e ativista

Por Viviane Freitas | 17 dezembro, 2021 - 12:33

O rap tem dividido a atenção dos jovens nas periferias de Mato Grosso do Sul, que buscam no estilo musical uma forma de se expressar. Com isso, uma nova geração de rappers tem se destacado no Estado e um dos nomes que tem alçado voos mais longos é da rapper SoulRa. A artista Douradense, Raissa Sousa, que com apenas 26 anos quebra tabus, empodera mulheres e é destaque nacional do gênero musical.

Filha de pais nordestinos que migraram há mais de 30 anos para o estado do Mato Grosso do Sul em busca de melhores condições de vida, Raissa Sousa, ganhou o interesse pela música e pela arte ainda no berço.  “Meu pai também é músico, professor e chegou a ter até uma banda de forró por mais de 20 anos e a minha mãe é estilista de formação e artesã desde os 9 anos de idade, ou seja, tá no sangue”, conta a cantora.

Autodidata, Raissa aprendeu os primeiros acordes básicos de violão com o tio e seguiu desenvolvendo sua técnica de ‘ouvido’. Ela também estudou violino na adolescência em um projeto gratuito do Estado, mas , foi em Dourados, mais especificamente nas Batalhas de Freestyle ou rima improvisada dos parques da cidade, que a carreira musical autoral de SoulRa iniciou.

“A paixão pelo Rap e pela cultura Hip-Hop foi despertada no cotidiano dos parques onde eu jogava basquete e assistia as batalhas de rima”, relembra a artista.

Embora a arte esteja no sangue, a jovem conta que no início de sua carreira artística houve uma resistência dos pais, que tiveram uma vida de dificuldades financeiras e almejavam que a jovem seguisse um caminho mais “estável”, com formação acadêmica e um trabalho formal.

Então, Raíssa acabou cursando direito e não moda – o curso que de fato gostaria de ter feito na época. Mas enfatiza, que não se arrepende do caminho trilhado. “Nenhum aprendizado é em vão. Foi lá [no curso de direito] que tive acesso aos coletivos de mulheres, de mulheres negras, debates e ensinamentos que me aprofundaram sobre as nuances da sociedade”, frisa.

Esses aprendizados resultaram na pesquisa “Racismo estrutural e o extermínio da juventude negra”, desenvolvida ao longo de todo o curso e que chegou a ser apresentada pela jovem no Congresso Internacional de Direitos Humanos da Universidade de Coimbra em Portugal, no ano de 2018.

Negra, mulher e artista com fundamentos culturais populares, após sua formação acadêmica os anseios  pareciam não caber mais nos moldes de trabalho institucionais e a jovem decidiu se entregar a sua verdadeira vocação: a arte, mais precisamente a arte da música escrita e cantada, do RAP.

Sobre sua escolha, ela enfatiza: “É  a forma que decidi transmitir de forma acessível e mais próxima da realidade da classe trabalhadora todo o saber que adquiri e venho adquirindo em vida”.

O trabalho de Raissa foi muito bem recebido pela cidade de Dourados e tem alcançado toda a região e capital do estado com um certo prestígio. “Meus primeiros anos de carreira foram de muito trabalho pois já comecei me dedicando e vivendo exclusivamente da música autoral, produzindo de várias formas, desde a composição das letras e melodias a criação de uma identidade visual”, relembra.

Com pouco mais de dois anos de carreira profissional autoral na música, a cantora vem contribuindo com a cena artística da região de forma enérgica e original por meio de lançamentos e apresentações que têm inspirado a juventude artística local, especialmente aos(as) MCs.

“Sou uma artista que não me enquadro em gêneros, embora viva o hip-hop e tenha como base da minha escrita o RAP, independentemente do beat. Faço RAP, soul, R&B, Pop, trap, funk”, ressalta.

Carreira e lançamentos

Seus dois primeiros lançamentos, À flor da pele (2019) e SoulRa (2020), lançados nas principais plataformas de streaming, vieram acompanhados de videoclipes de produção independente em parceria com a produtora independente Bluedog Filmes e o cinegrafista Wyliam Nicolay, disponíveis no canal da artista no youtube, e exprimem toda essa identidade soul-urbana e politicamente engajada da cantora.

Em 2020, o videoclipe da música À flor da pele foi selecionado, dentre submissões de todo o Brasil, para a mostra de videoclipes do Formemus –  maior evento de formação na área musical do Brasil, realizado em Vitória-Espírito Santo. Em fevereiro de 2021 SoulRa, juntamente com outras três MC’s do estado – Labrysa, Subúrbia e Candelária, compuseram a faixa Cypher “Venenosas” a convite do Real Essência Hip-Hop de Campo GrandE, lançada também com videoclipe feito pela produtora independente Reff Produções.

Durante a pandemia, além das diversas Lives e projetos de fomento à cultura lançados com apoio da Fundação de cultura do estado do MS, por meio da Lei Aldir Blanc, a artista se apresentou no festival de mobilização nacional em defesa dos povos indígenas da etnia Guarani e Kaiowá da cidade de Dourados, MBA’E PORÃ. 

SoulRa também se classificou entre os top 10 finalistas da etapa nacional do concurso global Vans Musicians Wanted, realizado pela marca original VANS, em agosto deste ano. Atualmente, a MC trabalha no projeto “show SoulRa: a flor da pele”, acompanhada pelos músicos Hélio Cruz nos teclados e os arranjadores Igor ALém e João Gabriel Borges na guitarra e bateria, DJ Gio Marx e a cantora Negabi nos backing vocals.

Também vem produzindo faixas (singles) em parceria com MC’s e beatmakers de todo o Brasil, com destaque para a faixa A mina do som, parte do projeto Força Motriz, uma coletânea de artistas mulheres e travestis da música urbana de todo o Brasil, a convite e realização do Produtor musical e DJ Caique, um dos principais produtores do RAP nacional e de países de língua portuguesa.

“Eu noto que as pessoas se sentem felizes e representadas com o meu trabalho e caminhada, desde os jovens que se inspiram, mulheres, mulheres negras, outros artistas e até pessoas que não são consumidoras do gênero RAP. Talvez por acompanharem a dedicação com que tenho trabalhado no meu sonho e também por esse afinco vir de alguém relativamente jovem, do interior de um estado que está fora do eixo metropolitano”, comenta.

Sobre a finalização 2021, ela diz que encerra profissionalmente satisfeita, e deixa sua dica para aqueles que desejam iniciar o seu sonho: “Coragem. Tenha coragem para lutar pelo o que quer hoje incessantemente para não se frustrar no amanhã, coragem para enfrentar os desafios e fazer sempre o melhor que puder dentro da sua realidade”, conclui.

Mais Notícias
Cultura

Iolete Moreira lança novo livro de poesia explorando técnica minimalista

9 maio, 2024

Polícia

Homem é assassinado por amigo após bebedeira e uso de drogas no Marcos Roberto

9 maio, 2024

Cultura

Marca de MS ganha destaque em evento de moda no Rio de Janeiro

9 maio, 2024

Feito com amor ♥ no glorioso Estado de Mato Grosso do Sul - Design por Argo Soluções