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“Preta Princesa”, Andréia é uma das professoras mais criativas do país e tem feito história ensinando cultura afro na Capital

A pedagoga Andréia Souza idealizou a Preta Princesa em 2017 como uma resposta à lacuna de representatividade nas salas de aula, especialmente para crianças negras

Por Viviane Freitas | 8 março, 2024 - 12:16

Arquivo Pessoal

A sul-mato-grossense, Andréia Souza Cássio, não apenas tem uma formação impressionante – com especialização em História e Cultura Afro-Brasileira, Gestão Educacional e Coordenação Pedagógica – mas também uma história de vida que inspira e transforma. Com 16 anos de experiência na área da Educação, Andréia idealizou a Preta Princesa em 2017 como uma resposta à lacuna de representatividade nas salas de aula, especialmente para crianças negras.

Nascida como a terceira filha de uma mãe solo, uma mulher negra à frente do seu tempo, Andréia foi criada dentro dos princípios da religião de matriz africana. Sua infância foi marcada pelo aprendizado constante, pelo apoio da família e pelo incentivo materno para buscar a educação como ferramenta de transformação.

Apesar das dificuldades enfrentadas pela família, Andréia sempre foi uma estudante dedicada e apaixonada pelo conhecimento. Quando teve a oportunidade de ingressar na faculdade, optou por Pedagogia através do programa de cotas do Prouni. Embora seu desejo inicial fosse Educação Física, a oportunidade oferecida pela bolsa integral foi uma chance única de realizar seu sonho educacional.

Durante seus estudos, Andréia se deparou com a lacuna de representatividade nas salas de aula, especialmente para crianças negras. Com sua paixão por contar histórias e sua habilidade artística, ela percebeu a importância de trazer figuras negras positivas para o imaginário das crianças. Assim, nasceu a “Preta Princesa”, uma personagem que ela encarna para proporcionar às crianças uma identificação positiva e uma visão de mundo mais inclusiva.

“Para as crianças é muito natural uma princesa preta, eles ficam encantados com a roupa e o bebê. Na verdade eu uso o nome ‘Preta Princesa’ para os adultos. As crianças são, na maioria das vezes, desprovidas de qualquer tipo de preconceito”, explica a professora.

Andréia decidiu criar a personagem após refletir que na sua infância não se via representada, por exemplo, nos livros e nas histórias. “Para mim fez falta. Hoje tenho dois filhos e eles também precisam se ver, assim como outras crianças”, afirmou.

A Missão da Preta Princesa na Educação

Arquivo Pessoal

Para Andréia, a representatividade é essencial para o desenvolvimento saudável das crianças, especialmente na primeira infância. Através da Preta Princesa, ela não apenas ensina história e cultura afro-brasileira, mas também promove uma imagem positiva e inspiradora de si mesma e de sua comunidade.

“Quando as crianças me veem como a Preta Princesa, elas se veem e se inspiram”, compartilha Andréia. “Eu preciso ser essa mudança, para que elas busquem outras visões de mundo e se tornem crianças melhores para o mundo”, disse ao OSM.

O trabalho de Andreia em sala de aula também está ligado à valorização da cultura do povo negro. A personagem criada por ela, em 2017, é uma princesa negra que se orgulha da cor da sua pele e do seu cabelo afro e dá lições sobre a história e cultura afro-brasileira.

Vestida de vermelho e com coroa de princesa, a personagem canta cantigas, dança, conta histórias. Em suas falas aos alunos, a professora também fala sobre o dia a dia da mulher negra. Andreia decidiu criar a personagem após refletir que na sua infância não se via representada, nos livros e histórias infantis, no cinema ou na televisão.

Foto: Pref CG MS

Segundo Andréia, quando um professor pensa “fora da caixa” e busca metodologias mais criativas de ensino ele desperta o interesse do aluno em sala de aula. “Hoje em dia o professor disputa a atenção com o computador, com o celular, então a gente tem sempre que buscar novas formas de atrair a atenção desse aluno. Se ficarmos presos apenas aos livros, a forma como fomos ensinados na faculdade, não vamos conseguir preparar esse aluno para as questões da nossa sociedade. Não despertamos o interesse dele pelo estudo e pela escola”, completa.

Prêmio de professoras mais criativas do país
Andreia Souza Cássio foi eleita uma das 20 educadoras mais criativas do país. O trabalho da professora que vai para a sala de aula interpretando uma princesa que exalta a força do povo negro foi um dos destaques no 1º Prêmio Perestroika, criado para exaltar os profissionais que assim como Andreia não medem esforços quando o assunto é educar. “Eu fiquei muito feliz, porque eu criei a personagem há algum tempo e nem sempre as pessoas apoiam a ‘Preta Princesa’, nem mesmo na minha família. Aí profissionais que eu nunca nem vi, acreditaram no meu trabalho em meio a tantos outros professores que também tem iniciativas muito bacanas. Foi uma felicidade muito grande”, comenta Andreia.

Apesar do impacto positivo de seu trabalho, Andréia enfrenta desafios, especialmente na falta de apoio de órgãos governamentais devido à natureza de sua abordagem, que enfatiza a cultura afro-brasileira e a educação étnico-racial. “Mesmo tendo esse trabalho com um potencial e um diferencial enorme, hoje, me encontro desempregada e com dificuldades de encontrar portas abertas.  No entanto, tenho  determinação em deixar um legado positivo para as futuras gerações e pretendo deixar filhos e crianças melhores para o mundo”, afirma Andréia.

Foto: Pref CG MS

Com sua dedicação, paixão e compromisso com a educação inclusiva e representativa, Andréia Souza Cássio, a Preta Princesa, continua a fazer a diferença na vida das crianças e na comunidade em que vive. Sua história é um testemunho inspirador de resiliência, perseverança e amor pela educação.

Ensino

As leis n. 10.689/2003 e n. 11.645/2008, estabelecem a inclusão obrigatória – na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) – da temática “História e Cultura Afro-brasileira e Indígena”.  O conteúdo programático inclui diversos aspectos da história e da cultura que carcaterizam a formação da população brasileira – a partir dos grupos étnicos – como o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira, o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.

 

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