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Fred redesenhou o percurso e de futuro médico se tornou o mestre do mangá em MS

Fred Hildebrand é quadrinista, ilustrador, artista visual e professor de mangá há quase duas décadas em Mato Grosso do Sul

Por Viviane Freitas | 12 abril, 2024 - 12:40

Foto: Arquivo Pessoal

Em um mundo onde os traços de uma caneta podem transcender meras folhas de papel e se tornar janelas para almas e culturas, Fred Hildebrand, um talentoso quadrinista e professor de mangá do Mato Grosso do Sul, percorre com maestria a linha tênue entre arte e ensino. Fred não apenas cria mundos através de suas obras, mas também molda mentes em sua jornada pedagógica, transmitindo sua paixão a jovens aspirantes a artistas.

Foto: Arquivo Pessoal

O percurso de Fred rumo ao mundo dos quadrinhos não foi planejado. Abandonando os sonhos de uma carreira em medicina devido às dificuldades com química e física, ele encontrou refúgio e vocação nas artes visuais, um curso escolhido pelas mãos do destino e pelo coração que sempre pulsou por desenhos. Inspirado por “Video Girl Ai”, um mangá que lia durante sua juventude, Fred viu um reflexo de seus próprios desejos no protagonista da história, que também aspirava se tornar um ilustrador. Esse paralelo fortuito não apenas reafirmou sua escolha profissional, mas também plantou a semente do que viria a ser uma próspera carreira como quadrinista.

Iniciou suas aulas de criação de personagem no estilo mangá em oficinas no MARCO (Museu de Arte Contemporânea). Seu primeiro contato com HQs foi com os quadrinhos do Senninha, ainda na infância, durante a alfabetização. “Eu não gostava muito de ler, então os quadrinhos me trouxeram essa abertura para querer ler mais. Como o desenho também estava sempre presente na minha vida, eu sempre estava desenhando os personagens que eu gostava”, conta Fred. Com a chegada dos mangás ao Brasil, a vontade de criar quadrinhos apareceu de verdade. Isso me levou a estudar artes visuais e a ver o desenho e ilustração como profissão”, pontua.

Hoje, Fred Hildebrand é quadrinista, ilustrador, artista visual e professor de mangá há quase duas décadas. Em uma bate papo com o OSM, ele abriu o coração sobre sua jornada, desafios e vitórias no mundo do mangá. Confira:

OSM: Como foi o seu caminho para se tornar um quadrinista e professor de manga? Houve algum momento crucial que o inspirou a seguir esse caminho?
Fred: Sempre desenhei, não consigo lembrar de um momento da minha vida onde não estivesse desenhando, então no início dos anos 2000, durante minha passagem pelo ensino médio, me dei muito mal em química e física, frustrando meus objetivos de fazer vestibular para medicina e me levando a escolher, por conta do desenho, o curso de Artes Visuais. Um outro fato interessante, é que nessa mesma época, os mangás começaram a chegar no Brasil em um formato bem próximo do que são publicados no Japão e eu comprava um título chamado, Video Girl Ai, onde o protagonista também queria se tornar ilustrador, isso acabou me influenciou a escolher pela carreira artística e buscar no desenho uma profissão.

OSM: Qual é a sua abordagem criativa ao desenvolver histórias e personagens para o seu manga “Spaceshit”?
Fred: Existem influências específicas que moldaram o seu estilo?

OSM: O que é um mangá spaceshit?
Fred: As personagens de SPACESHIT, acabaram surgindo de um exercício durante uma aula de mangá, que estava ministrando, sobre criação de visual de personagem, então a Luiza acabou surgindo de uma mistura de várias ideias dessa aula. Como eu gostei de como ficou a imagem da personagem, comecei a pensar em várias coisas que poderiam acontecer com ela e isso foi me levando aos outros personagens, Tio Bigode, Kabo-chan, Helena e Virgílio. Então geralmente a história foi me trazendo uma necessidade de situações que precisavam de um novo personagem para levar ela em frente, assim surgiu essa primeira leva de personagens.

OSM: Como você vê o papel do manga na cultura contemporânea, especialmente em termos de sua capacidade de transmitir mensagens e reflexões sociais? 
Fred: Mangás são uma mídia narrativa para se contar histórias, ele nos mostra inúmeras possibilidades de temas e formas de contar essas histórias, claro de um ponto de vista japonês. Afinal de contas, em um primeiro plano os mangás são feitos para o povo japonês, acontece que esse jeito de se comunicar acabou sendo exportado para o mundo e achou espaço em outros países e culturas. Imagino que pela variedade de estilos de desenho, uma narrativa fluida, cinematográfica e história para todos os públicos. Temos no universo dos mangás, desde histórias de aventura e superação, a romance, terror, guerra, fatos históricos, cotidiano, nos dando margem para se identificar com as personagens, querer saber mais sobre eles e o lugar onde vivem.

OSM: E em MS é reconhecido esse tipo de trabalho?
Fred:
Se tratando de MS, temos que trazer pra perto e falar sobre quadrinistas. Aqui temos uma classe crescente de quadrinistas que assim como eu, buscam no dia a dia, produzir seus quadrinhos para trazer sua visão de mundo e compartilhar com o publico, seja com humor, histórico ou jornalístico. Porém é uma jornada árdua, muitas vezes nos obrigando a trabalhar em diferentes coisas para podermos investir no quadrinho autoral, geralmente isso implica em fazer quadrinhos institucionais, ilustrações para empresas, mercado publicitário, design, artes para redes sociais, vídeos e afins para pagarmos os boletos e termos um tempo de trabalhar nos projetos pessoais.
A também, quem busque por editais culturais para viabilizar financeiramente a criação dos quadrinhos. Isso ajuda muito, mas acaba esbarrando na burocracia governamental para aprovar os projetos, documentação e ainda ficando no aguardo de aprovação do repasse das verbas.

OSM: Como é a sua experiência como professor de manga?
Fred: Bom, já são 19 anos de estrada, comecei aos 18/19 anos ou seja, quando estava no segundo ano de faculdade, metade da minha vida. Desde então, sempre quis trazer o conhecimento que eu tinha para estudantes. Sempre que eu aprendia algo, encaixava dentro das aulas para ensinar e passar adiante, seja na criação de personagens, estudo de cenários, finalização dos desenhos ou mesmo criando as narrativas para quadrinhos, isso me trouxe e trás muita satisfação principalmente quando vejo meus estudantes evoluindo artisticamente e superando suas próprias barreiras.

OSM: Quais são os desafios e recompensas de ensinar essa forma de arte ao longo dos anos?
Fred:
Acho que os desafios, são de trazer o conhecimento da maneira mais didática e prática possível, para que seja fácil de entender mesmo em alguns momentos sendo trabalhoso de fazer mostrando que a arte faz diferença na nossa vida, ela pode ser um hobby e também pode evoluir para uma carreira, depende o do que o aluno está buscando. O importante é que satisfaça a ele.

OSM: Quais são os seus planos e aspirações futuras para o seu trabalho como quadrinista e educador de mangá? Há algum projeto em que você esteja trabalhando atualmente e que possa compartilhar conosco?
Fred: Bom, SPACESHIT volume 2 está nas etapas de base, estou organizando as ideias, para decidir o que cabe para esse volume e o que pode ficar para os próximos. No momento estou com uma campanha de financiamento coletivo de um novo quadrinho em parceria com meu colega carioca, Pacha Urbano, chamado O Caso do Churrasco na Laje, que atingindo 100% da meta, será lançado no FIQ – Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte. Esse se trata de três núcleos narrativos que se cruzam: a missão dos agentes da Sociedade de Investigações do Oculto, Glória e Bernardo, que precisam recolher os espólios de um ex-membro colaborador, o Sr. Firmino, o patriarca da família de Dona Irene; a família que mora em uma comunidade controlada pelo narcotráfico no Rio de Janeiro e precisa lidar com um cômodo recém descoberto na casa e uma criatura sobrenatural aprisionada nele há séculos; e os soldados do narcotráfico, Chambinho e Fimose, que se sentem ameaçados quando suspeitam de uma possível invasão. Tudo isso durante o churrasco de inauguração da tão esperada laje da Dona Irene. Outro projeto que vai ganhar edição física é o Homem-Grilo, web quadrinho escrito pelo roteirista Cadu Simões, de Osasco e premiado pelo HQMIX 2023, na mesma categoria. Trabalho nele desde 2021 e agora estamos trazendo as histórias de 2021 e 2022 para uma nova revista. Homem-Grilo, também passou por um financiamento coletivo, que superou 150% da meta e será lançado no FIQ em maio.

O mangá “Spaceship” já está disponível para os aficionados por quadrinhos! Em Campo Grande, você pode encontrá-lo na Banca Modular, Livraria Hamurabi, Banca Elite e no box 80 da Feira Central, nos “Baratos do Pântano”. Para quem está em São Paulo, a Loja Monstra já tem cópias à venda. Não perca a chance de mergulhar nesta aventura espacial!

Para acompanhar o trabalho de Fred, é só seguir o seu instagram @fredquadrinista.

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