Uma moradora de Campo Grande, de 43 anos, teve o carro apreendido após pagar boletos falsos referentes ao financiamento do veículo. O golpe aconteceu em fevereiro, quando a mulher recebeu cobranças por um aplicativo de mensagens e, acreditando serem autênticas, efetuou o pagamento de R$ 1,7 mil. Dias depois, ao perceber que as parcelas continuavam em aberto, constatou que havia sido vítima de fraude.
A vítima, identificada como Fabiana Reis, gerente de uma imobiliária, contou que recebeu mensagens de diferentes números cobrando as parcelas em atraso. As mensagens traziam informações detalhadas, como valor da prestação, modelo, ano e placa do veículo, o que a fez acreditar na autenticidade das cobranças.
Ela efetuou o pagamento, mas, dois dias depois, novas cobranças surgiram para a mesma parcela. Ao questionar a empresa de cobrança do banco, foi informada de que havia caído em um golpe. "Encaminhei o comprovante e disseram que era fraude. O CNPJ não batia e a pessoa também não era do banco", relatou Fabiana.
Diante da fraude, ela entrou em contato com o banco, que confirmou que as parcelas do financiamento seguiam em aberto. Sem os pagamentos reais, a instituição financeira entrou com pedido de busca e apreensão do carro. No dia 19 de fevereiro, um oficial de justiça, acompanhado de um representante do banco, apreendeu o veículo em um evento onde Fabiana estava.
Para reaver o carro, Fabiana tentou firmar um acordo com a empresa terceirizada de cobrança do banco. Foi informada de que precisaria pagar R$ 15 mil, valor que incluía custas judiciais, guincho e cinco parcelas do financiamento. Mesmo reunindo o dinheiro e realizando o pagamento, não obteve retorno sobre a devolução do carro. "Disseram que me enviariam a minuta do acordo por e-mail, mas depois pararam de responder", relatou.
Ao entrar novamente em contato, foi informada de que o contrato havia sido devolvido ao Banco Volkswagen e que o acordo não existia.
Fabiana destacou sua preocupação com o vazamento de seus dados pessoais, que possibilitou que os criminosos aplicassem o golpe com tantas informações reais. "Não sabemos mais em quem confiar, nossos dados estão circulando por aí", lamentou.
A advogada Grace Georges, que acompanha o caso, explicou que, de acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), os bancos são responsáveis pela segurança das informações dos clientes e podem ser responsabilizados em casos de vazamento.
Ela ainda alertou sobre a dificuldade de identificar boletos falsos, já que eles costumam ter todas as características de um documento autêntico. "O nome do beneficiário, o banco emissor e os valores são semelhantes aos reais, o que torna difícil desconfiar da fraude", explicou a advogada.
Especialistas recomendam que, antes de efetuar o pagamento de um boleto recebido por e-mail ou aplicativo de mensagens, o consumidor entre em contato diretamente com o banco ou empresa credora para confirmar a autenticidade do documento. Outra dica é conferir os dados do CNPJ e do beneficiário no site oficial do banco antes de realizar qualquer transação.