Motoboys e entregadores por aplicativo estão se articulando em Campo Grande para participar da paralisação nacional marcada para os dias 31 de março e 1º de abril. A mobilização faz parte do movimento “Breque Nacional”, que reúne entregadores em diversas capitais do país em protesto por melhores condições de trabalho.
O movimento ganhou força nas redes sociais e em grupos de WhatsApp, com adesão de trabalhadores em pelo menos 20 estados, segundo os organizadores. Em Campo Grande, a mobilização ocorre de forma independente, sem envolvimento direto de sindicatos. Entregadores têm se organizado por conta própria para suspender as atividades principalmente no aplicativo iFood.
As reivindicações incluem:
Renato Amorim, entregador da capital, confirmou adesão ao movimento. “Estamos nos unindo nos grupos, organizando carreata e pedindo que os restaurantes nem abram o aplicativo nesses dias. A gente quer mostrar força, porque o custo de vida subiu muito e os valores pagos continuam os mesmos”, afirmou.
Raul Araújo, o Raul Motocast, de 30 anos, influenciador digital conhecido entre os motoboys da cidade, também vai participar da paralisação. Um vídeo que ele publicou nas redes sociais sobre o movimento alcançou mais de 18 mil curtidas. “Me senti na obrigação de divulgar. Muita gente que nem sabia da greve ficou sabendo. O apoio tem sido grande, inclusive de quem não é da categoria. Hoje, onde tem motoboy reunido, o assunto é esse”, disse. Raul afirmou que pretende registrar a manifestação pelas ruas autorizadas pela Agetran.
Segundo ele, a paralisação é motivada pela insatisfação crescente entre os entregadores. “Não tem reajuste. Em 2025 a gente ainda está recebendo o que recebia em 2022, mas o preço de tudo aumentou. Essa mobilização veio da base, não de sindicato”, completou.
O presidente do Sindicato Profissional dos Motociclistas e Entregadores de Mato Grosso do Sul (Sinpromes), Luiz Carlos Escobar, disse que desconhece qualquer movimentação organizada no estado. “Aqui ninguém sabe nada dessa paralisação”, afirmou.
Em nota, o iFood informou que estuda um possível reajuste para 2025 e que, em 2024, aumentou a taxa mínima de R$ 6 para R$ 6,50, além de pagar R$ 3 para entregas agrupadas. A empresa disse também que reduziu o raio para entregadores de bicicleta e que não há penalidades por rejeição de pedidos. A Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), que representa empresas como iFood, Rappi e Uber, declarou que respeita o direito de manifestação e mantém canais de diálogo com os entregadores.