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43 dias após a morte de Vanessa, Governo do Estado transfere delegadas da Deam em Campo Grande

Secretaria diz que mudanças buscam oxigenar unidade e reforçar rede de proteção

João Paulo Ferreira
Por: João Paulo Ferreira
27/03/2025 às 16h46
43 dias após a morte de Vanessa, Governo do Estado transfere delegadas da Deam em Campo Grande
Foto: Guilherme Rosa

Pouco mais de um mês após o assassinato da jornalista Vanessa Ricarte, o Governo de Mato Grosso do Sul promoveu mudanças na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), em Campo Grande. Três delegadas foram transferidas da unidade, incluindo a então titular, Eliane Cristina Ishiki Benicasa, que passa a atuar na Delegacia-Geral da Polícia Civil.

As alterações foram oficializadas no Diário Oficial do Estado desta terça-feira (27) e, segundo a Polícia Civil, seguem o princípio da "prevalência do interesse público sobre o privado". A delegada Riccelly Maria Albuquerque Donha, que atendeu diretamente Vanessa, foi removida ex officio. Já as delegadas Lucélia Constantino de Oliveira e Eliane Benicasa solicitaram as remoções.

Em substituição, foram designadas as delegadas Cynthia Karoline Bezerra Gomes Tapias e Laís Mendonça Alves, que atuavam anteriormente na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário). A delegada Cecília Fleury Jube Leal também foi nomeada em 14 de março para compor o quadro da Deam.

Apesar das trocas, a delegacia segue momentaneamente sem titular nomeada. A Secretaria de Justiça e Segurança Pública afirma que a unidade será “oxigenada” após a conclusão da apuração interna sobre o atendimento prestado à jornalista. A corregedoria da Polícia Civil não encontrou violação de protocolos, mas o governo reconheceu falhas e anunciou mudanças na gestão da Casa da Mulher Brasileira, com administração compartilhada entre Estado e Prefeitura.

O caso que motivou a série de mudanças foi o feminicídio da jornalista Vanessa Ricarte, de 29 anos, assassinada com golpes de faca pelo ex-noivo no dia 12 de fevereiro deste ano, em Campo Grande. Um dia antes, ela procurou a Deam relatando ameaças e agressões, mas não recebeu medida protetiva imediata. O caso gerou forte comoção social, especialmente após a divulgação de áudios em que a vítima pedia ajuda.

A saída das delegadas coincide com a licença não remunerada solicitada por Patrícia Abranches e com a expectativa de novas nomeações para recompor o plantão. Segundo a Polícia Civil, os atendimentos continuam normalmente.

O governador Eduardo Riedel informou que a definição do novo coordenador da Casa da Mulher Brasileira está em fase final e será anunciada nos próximos dias.

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