O iFood anunciou nesta segunda-feira (29) um pacote de mudanças nas condições de trabalho e na forma de remuneração dos entregadores. As novidades, que começam a valer a partir de 1º de junho de 2025, surgem como resposta direta à paralisação nacional da categoria, que aconteceu no fim de março e teve grande adesão em diversas cidades, incluindo Campo Grande (MS).
Entre as principais mudanças estão o aumento da taxa mínima por entrega e ajustes nas rotas para entregadores que usam bicicleta. Para quem trabalha de moto ou carro, o valor mínimo por entrega vai subir de R$ 6,50 para R$ 7,50. Já os ciclistas vão passar a receber R$ 7,00 por entrega.
Outra alteração importante é o limite máximo de 4 km para as entregas feitas de bicicleta, medida que, segundo a empresa, visa garantir mais conforto e segurança aos entregadores. O seguro pessoal gratuito, que já existia, também será ampliado para cobrir mais situações durante o expediente.
As novidades foram divulgadas por meio do app usado pelos entregadores e no Portal do Entregador, canal oficial de comunicação da empresa com a categoria.
Mesmo com os anúncios, muitos entregadores consideram que as mudanças ficaram longe do ideal. Eles reclamam que a nova taxa mínima ainda não atinge os R$ 10, valor defendido pelo movimento nacional, e apontam a falta de reajuste no valor por quilômetro rodado e nas entregas agrupadas.
“Não atende, mas mostrou que a paralisação incomodou. A tendência é que haja mais mudanças”, disse Filipe Oliveira, 28 anos, entregador em Campo Grande. Para ele, apesar das limitações, os ajustes devem trazer algum alívio no dia a dia e no bolso dos trabalhadores.
Durante os dois dias de greve em Campo Grande, redes como McDonald’s e Burger King chegaram a ficar fora do ar no app. Imagens compartilhadas por entregadores mostraram os pontos de retirada dos shoppings Norte Sul Plaza e Campo Grande quase desertos.
Mesmo com o anúncio das mudanças, grupos independentes de entregadores continuam ativos nas redes sociais. Eles prometem manter a pressão por novas melhorias, com foco no aumento da taxa mínima para R$ 10, reajuste do valor por quilômetro rodado e pagamento integral em entregas múltiplas.
A paralisação mostrou um novo momento de organização da categoria, que agora se mobiliza de forma mais estruturada para garantir melhores condições de trabalho e valorização profissional.